Livrarias lotadas, crianças fantasiadas de feiticeiros, histeria na internet. Como já virou hábito, o bruxo Harry Potter repetiu seu toque mágico e fez com que a procura pelo sexto título da série, Harry Potter and the Half-Blood Prince (ainda sem título em português), batesse recordes de venda no lançamento. No sábado 16, quando a obra chegou às prateleiras, foram comercializados mais de dois milhões de livros no Reino Unido e 6,9 milhões nos Estados Unidos. O recorde anterior pertencia à quinta aventura da saga, Harry Potter e a Ordem da Fênix, com 1,7 milhão e cinco milhões de cópias vendidas, respectivamente. É um fenômeno que vem se notabilizando volume após volume – serão sete, no total – desde que a escritora J.K. Rowling, dona de uma fortuna estimada em US$ 1 bilhão, publicou em 1997 a primeira parte da história do menino que virou o mago mais famoso do planeta desde Merlim.

Apesar de só estar disponível na língua original, o livro também foi disputado pelos brasileiros. Até a terça-feira 19, a Livraria Cultura contabilizou três mil exemplares vendidos de cinco mil importados. Na rede Siciliano, dos 2,8 mil livros disponibilizados, 1.850 já foram embora. Mas há muito mais gente por dentro da nova aventura do bruxo. Sensibilizados com o desespero dos fãs que não sabem inglês, leitores fazem traduções por conta própria e as distribuem pela internet. Formado por 11 pessoas de várias partes do País, o grupo Armada Tradutora se esforça para que cada um dos 30 capítulos seja vertido rapidamente. Quatro dias após o lançamento, já estava com um terço do livro de 607 páginas pronto. A ansiedade é tanta que a Editora Rocco, que publica a série, recebeu de cara 500 e-mails pedindo o livro já. Mas para isso não há mágica. A tradutora Lia Wyler começou a trabalhar no dia 16, mas Harry Potter e o Príncipe Mestiço (título provável) está previsto para o final do ano.

O sexto livro traz romances e lágrimas. É o mais sombrio da saga. Aos 16 anos, Harry Potter se vê no centro de uma guerra entre os magos do bem e os das trevas. Logo no primeiro capítulo, o leitor tem a noção de que o conflito é grave, envolvendo não-bruxos (ou trouxas, no vocabulário potteriano) e mortes que só vão aumentando. Terrível para os leitores é descobrir que entre os que perdem a vida está um personagem de peso. “Rowling está tirando a gente do mundo mágico. Tínhamos esquecido que lá as pessoas também morrem e choram”, diz o estudante paraense Kamyllo Ribeiro, 14 anos. A autora se defendeu dizendo que, quando um herói está crescendo e se encaminhando para cumprir um certo destino, é mais interessante que ele o encare sozinho. O destino, no caso, é Lorde Voldemort, o senhor das trevas.

Rowling se prepara para escrever a sétima e derradeira aventura do bruxo no final do ano. Enquanto isso, nos cinemas, os fãs terão chance de apreciar a magia por mais tempo. Em novembro, estreará o quarto episódio da série, Harry Potter e o cálice de fogo, dirigido por Mike Newell. Ele mostra como Harry (Daniel Radcliffe) se sai numa dura competição entre estudantes e se depara com Voldemort (Ralph Fiennes). O filme já foi exibido, ainda sem os efeitos, para convidados seletos. Qual o comentário mais ouvido? Que ele é o mais soturno de todos. Os pottermaníacos estão roendo as unhas para conferir se é tudo isso mesmo.