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PEQUENOS AJUSTES

Na versão atual de "Fama" (acima) optouse por uma trilha sonora com forte acento de rap. A cena nas ruas de Nova York, grande momento do primeiro filme, foi cortada (abaixo)

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É dia de audição na New York City High School of Performing Arts. Ansiosos, jovens de diversas partes dos EUA aguardam a hora de mostrar as suas habilidades aos instrutores e, se aprovados, garantir uma vaga numa das melhores escolas de formação de artistas do país. Ouve-se uma canção: "Fama, quero viver para sempre." Essa música é conhecida. A cena também. Pertence ao início de "Fama", musical de Allan Parker que fez sucesso nos anos 1980 ao acompanhar a trajetória de quatro aspirantes a cantores, dançarinos e atores, desde o ingresso no curso até a formatura. Só que agora essa sequência se pasÉ sa na Nova York atual. E o filme, de mesmo nome (em cartaz no Brasil), traz elenco novo, nova direção e alguns ajustes em relação ao visual, à moda e aos ritmos que embalam os jovens. Trata-se, claro, de uma refilmagem, procedimento do qual Hollywood sempre lança mão quando as boas ideias andam escassas. A novidade – ou má notícia – é que essa prática está virando regra. Além de "Fama", foram anunciados cerca de 20 remakes de grandes sucessos do passado. A lista inclui "Karate Kid", "Ghostbusters – Os Caça-Fantasmas", "Robocop – O Policial do Futuro", "História sem Fim" e "Arthur – O Milionário Sedutor", entre outros campeões de bilheteria.

Produtores, diretores e profissionais envolvidos nos novos projetos têm evitado o termo "refilmagem". Consideram-no ultrapassado. Preferem chamar os remakes de "recriações" – caso do cineasta Gore Verbinski, o homem por trás da franquia "Piratas do Caribe" (renda mundial de US$ 2,7 bilhões), que diz ter sido escalado para "reimaginar" o cultuado "Clube dos Cafajestes", comédia produzida por John Landis em 1985, sobre a investigação de um crime numa mansão. Outro envolvido em projeto parecido é o diretor Darren Aronofsky, que já foi mais inventivo em trabalhos anteriores (é o diretor dos originalíssimos "Pi" e "Réquiem para um Sonho"). Ele está à frente da recauchutagem de "Robocop – O Policial do Futuro", de 1987, sobre um militar alvejado por bandidos, posteriormente reconstruído e transformado em um ciborgue. Aronofsky prefere usar o termo "reboot", que em informática significa reiniciar.

A ideia é atualizar enredos de algumas décadas atrás e que, na época, não tinham uma embalagem sedutora – caso dos filmes em preto e branco – ou ainda não dispunham de um acabamento de ponta, hoje possibilitado pelos recursos digitais. A escolha de longas produzidos nos anos 1980, em sua maioria, não é mera coincidência. Segundo os executivos, esse gap de 20 anos é providencial: atinge uma geração que nunca ouviu falar dessas produproduções e outra, mais velha, que os viu, gostou e se encontra numa idade em que a nostalgia é sempre bem-vinda. Nesse último caso se incluem os próprios produtores. Leonardo DiCaprio, por exemplo, que hoje dirige uma produtora, a Appian Way, está em negociações com a Warner Bros para levar novamente às telas a aventura juvenil "História sem Fim", de 1985. 

NOVO VOCABULÁRIO
Os produtores de refilmagens evitam esse termo. Chamam os filmes de recriações ou reinícios

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Para a Warner, que anda atrás de um substituto para a série "Harry Potter", a história do garoto que descobre um mundo de fantasia nas páginas de um livro vem a calhar. E não teve o seu potencial explorado numa época em que as narrativas infanto-juvenis ainda não representavam o grosso dos blockbusters. Coprodução entre a Alemanha e os EUA, o filme custou US$ 27 milhões e rendeu quatro vezes esse valor. Refilmado, pode faturar ainda mais. Se na contabilidade geral o negócio do remake tem se mostrado lucrativo, na área criativa a estratégia é vista como um retrocesso. A revista "Hollywood Reporter", voltada para o mercado cinematográfico, publicou uma matéria sobre o assunto em que ouvia diversos executivos da área – que, com medo de perder o posto, não se identificaram. "Do ponto de vista criativo pode ser péssimo, mas é um dinheiro fácil e garantido", disse um deles. Do seu lado, a crítica americana tem reagido com uma postura guerrilheira: vem pedindo aos espectadores para boicotar os filmes.

Outras produções que terão remake

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Karatê Kid
O papel que antes foi de Ralph Macchio (acima) será agora de Jaden Smith, filho de Will Smith

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Os Caça-Fantasmas
Dan Aykroyd, Harold Ramis, Bill Murray e Ernie Hudson estão confirmados para o remake da comédia de Ivan Reitman

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Robocop
A ficção científica de Paul Verhoeven será refilmada por Darren Aronofsky, diretor de "O Lutador"

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História sem Fim
Produzido por Leonardo DiCaprio, o filme é uma aposta da Warner Bros para substituir a saga de Harry Potter


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