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Nos EUA, o subprime aniquilou o setor imobiliário. No Brasil, cuja indústria de construção segue a pleno vapor enquanto o histórico déficit habitacional não é coberto, o governo prepara-se para lançar o mais ambicioso programa de financiamento imobiliário de todos os tempos. Vem em boa hora. O mar de favelas espalha-se geometricamente por todo o País e o resgate da população de baixa renda para moradias dignas é uma urgência nacional. Pilotada diretamente por Lula, a ideia foi concebida como uma espécie de "bolsa habitação". Se atender ao menos a metade da malha de brasileiros que hoje é beneficiada pelo Bolsa Família, já será uma conquista e tanto. Na prática, os atendidos pelo projeto, que sai ainda até o final deste mês, passarão a pagar prestações de R$ 15 a R$ 20, através de créditos subsidiados. Não pagarão nada de entrada, só vão começar a quitar as prestações quando estiverem morando no imóvel e podem escolher localização e tipo de imóvel até um determinado patamar de preços. A questão que se discute é de onde e como virão os recursos. A ministra-candidata presidencial, Dilma Rousseff , diz que o total de dinheiro a ser lançado na empreitada será tão volumoso quanto o do PAC. Está na casa dos bilhões de reais. Para tornar factível esse projeto que deve se converter na maior vitrine de ação do governo, os ministros Dilma e Mantega chamaram para uma conversa reservada os governadores José Serra, Sérgio Cabral e Aécio Neves. O objetivo é fazer do pacote da habitação uma espécie de plataforma eleitoral pluripartidária, sem a assinatura isolada de um PT, um PSDB ou um PMDB. Só assim, acreditam os gestores, o programa vai para a frente. Tática eficiente. O déficit de moradias se espalha pelos principais Estados do País e contar com um esforço oficial compartilhado entre várias autoridades é a melhor forma de arrecadar resultados rápidos. De uma maneira ou de outra, a própria determinação firme de Lula de concentrar esforços nessa área traz esperanças de que ao menos essa dívida social seja corrigida em curto espaço de tempo.