Entre o fim da banda britânica Yardbirds e o surgimento de um outro grupo que se chamaria New Yardbirds e no qual o guitarrista Jimmy Page queria tocar nasceu o Led Zeppelin em 1968. Como o novo Yardbirds não saiu do papel, Page já estava desistindo de tudo quando por meio de seu empresário Peter Grant conheceu Robert Plant, um hippie "sem cérebro" mas que tinha a aparência de um majestoso "Deus grego", perfeito para assumir a posição de vocalista. O nome do grupo, referência ao famoso dirigível alemão que explodiu em 1939, fora sugerido pelo lendário baterista do The Who, Keith Moon, que havia sido sondado para integrar a nova banda, mas teve de recusar o convite ao descobrir que estava preso ao seu empresário por normas contratuais. Então vieram o baterista John Bonham, amigo de Plant, e o baixista John Paul Jones.

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NO AUGE "Não curto alimentos sólidos", disse Jimmy Page em uma turnê pelos EUA. A mídia não o perdoou: "Ele tem as pernas obscenamente finas"

Amigo de Plant, e o baixista John Paul Jones. Esses bastidores roqueiros associados a grandes festas regadas a drogas, alucinógenos, orgias sexuais e até estudos demoníacos compõem o detalhado enredo da biografia "Led Zeppelin, Quando os Gigantes Caminhavam sobre a Terra" (Editora Larousse), escrita pelo jornalista Mick Wall. Especializado na área musical, ele realizou diversas entrevistas com ex-integrantes da banda e o polêmico empresário Grant.

Os criadores do clássico "Stairway to Heaven", talvez a canção mais arranhada no violão em todos os tempos, eram uma gangue de meter medo. O autor coleciona fatos, os narra sem exageros ou julgamentos e consegue retratar muito bem um mundo que guarda poucas semelhanças com os tempos atuais. O baterista John Bonham, por exemplo, chegou a nocautear a executiva de uma gravadora que lhe lançou um sorriso durante uma reunião. Rasgou a camisa da moça e a abandonou caída ao chão, enquanto gritava: "Nunca mais faça isso comigo." O músico roqueiro carregava a fama de ser paranoico, e ela não foi a primeira vítima dos seus frequentes ataques gratuitos. A própria funcionária agredida, no entanto, não prestou queixa à polícia. É claro que o roqueiro que atualmente fizesse algo parecido com certeza terminaria preso. O autor relata diversas histórias curiosas desse gênero.

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Uma delas revela que Jimmy Page costumava levar chicotes nas turnês e os vibrava contra os fãs mais exaltados: "Se você os humilha um pouco, eles se comportam melhor."

O livro também envereda pela controversa adesão de Page aos ensinamentos do ocultista britânico Aleister Crowley, muito famoso na época, e essa teria sido uma das razões da dissolução do grupo. Wall pondera que a participação do guitarrista nos haréns de Crowley estava diretamente relacionada ao período em que ele consumiu heroína indiscriminadamente. Nesse contexto as supostas convicções demoníacas não eram mais que uma extensão dos inevitáveis delírios provocados pelo opiáceo. Na trajetória enlouquecida desses gigantes, o escritor descreve a formação musical de uma das bandas que até hoje é uma das mais importantes e influentes da história do rock.