A luta contra a exploração sexual infantil ganhou um reforço importante. Foi lançado na quarta-feira 15, em Foz do Iguaçu, no Paraná, o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Exploração Sexual e Maus-Tratos (Nucria). Trata-se de uma delegacia especializada no atendimento a vítimas dessas violências. A iniciativa é do governo do Paraná e foi viabilizada com o apoio da estatal Itaipu Binacional.

Foz do Iguaçu – conhecida internacionamente pela beleza de suas cataratas – não foi escolhida por acaso. Localizado na fronteira com a Argentina e o Paraguai, o município registra altos índices de violência contra menores. De acordo com a ong Nossa Senhora Aparecida, entidade de Foz de Iguaçu atuante nessa questão, cerca de 3,5 mil crianças e adolescentes são vítimas de exploração sexual ou maus-tratos na região. “Precisamos trabalhar com a prevenção. Qualquer ação contra esse problema é bem-vinda”, afirmou Jorge Samek, diretor-geral de Itaipu.

Embora seja uma delegacia, o Nucria em nada lembra esses estabelecimentos. Suas salas  foram decoradas com sofás, televisão e espaço para leitura. Médicos e psicólogos darão assistência e os policiais receberam treinamento especial. Tudo foi planejado para oferecer um ambiente de segurança e conforto. Afinal, muitos deixam de buscar auxílio porque não se sentem à vontade para entrar em delegacia. “Mães e adolescentes ficam constrangidas de falar de um assunto tão delicado com um policial. O psicólogo poderá fazer o primeiro contato”, explicou Luiz Fernando Delazari, secretário de Segurança Pública do Paraná. A idéia é ampliar a experiência para outros Estados.

Outra providência agilizará as investigações. No mesmo espaço do Nucria trabalharão também representantes do Poder Judiciário, do Ministério Público Estadual e dos Conselhos Tutelares. A esperança é que casos como o da adolescente M.L., 17 anos, não aconteçam mais. Ela saiu de casa aos 13 anos e chegou a fazer até cinco programas por noite. “Fiquei grávida e mesmo assim continuei nas ruas”, contou. Há um ano, a adolescente foi acolhida pelo Programa Sentinela, iniciativa do governo federal contra a exploração sexual de menores. Hoje tem uma nova vida. “Trabalho, estudo e cuido do meu filho, de um ano e meio. Sou feliz”, garantiu. O núcleo lançou ainda uma campanha nacional contra o abuso sexual de crianças. Veiculada em rádio e televisão, ela pretende estimular a denúncia de casos.

Porta fechada: uma campanha de combate ao turismo sexual na Tríplice Fronteira reforçará o trabalho do Nucria. Aderiram à iniciativa de não permitir essa prática em suas dependências 67 dos 200 hotéis de Foz do Iguaçu.

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