img.jpg
TRUNFOS
Serra enfatizasua trajetória. A campanha
prega que ele prefere fazer a falar

selo.jpg

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, entra numa etapa crucial de sua campanha. A seu favor, tem o fato de ter mantido entre 36% e 40% das intenções de voto nos últimos três anos. Jamais caiu abaixo desse índice. Mas pesa contra o tucano a ascensão meteórica de sua principal adversária, a ex-ministra Dilma Rousseff, do PT, que avança no embalo da popularidade do presidente Lula. Há dois meses, Serra registrava uma vantagem de 10 pontos sobre a petista. Hoje, porém, a situação é de empate técnico. A questão, agora, é saber quais os trunfos que o ex-governador de São Paulo tem em mãos para enfrentar o crescimento de Dilma e abrir uma nova vantagem na corrida presidencial. Se é que Serra tem esses trunfos.

Apesar da maré montante de Dilma, o comando da campanha do PSDB aposta na superexposição de Serra na tevê este mês. O carro-chefe foi o programa de dez minutos exibido, em rede nacional, na última quinta-feira 17. Logo na abertura, o candidato do PSDB diz que o Bolsa Família será ampliado e reforçado. Foi uma tentativa de rebater rumores de que ele pode acabar com o programa. “O nome Bolsa Família foi colocado por Lula, mas quem o criou foi o governo Fernando Henrique”, reforçou Serra, em Teresina, na quinta-feira 17. Mas o principal foco foi a rica trajetória de Serra, desde a infância na Mooca, em São Paulo, passando pelos tempos de UNE, até chegar às suas realizações como senador, prefeito, governador de São Paulo e, especialmente, a passagem pelo Ministério da Saúde. “Tem gente que gosta de falar, o Serra gosta de fazer”, repetiu o locutor. Ao fim, Serra repetiu o que deve ser o bordão da campanha: “O Brasil pode muito mais”.

img1.jpg

img2.jpg
NO PARTIDO
De olho no Nordeste, Serra faz convenção na Bahia,
mas ainda falta o candidato a vice

Animados, os tucanos ressaltaram a qualidade da peça produzida pelo marqueteiro Luiz Gonzales. “O programa foi excelente. Estamos otimistas com os resultados que virão”, disse o ex-governador Geraldo Alckmin. O PSDB, na verdade, deixou claro que, ao contrário de Dilma, Serra será o sujeito de sua campanha. Resta saber, porém, qual será a reação dos eleitores. “Para quem acha que está tudo bem, não sei se a proposta de Serra convence mais do que continuar com a turma do Lula”, criticou o diretor do Vox Populi, Marcos Coimbra. “O Serra se mantém entre 36% e 40%, mas precisará de algo mais para vencer a eleição. Os programas de tevê ajudam a manter o empate e até a abrir uma pequena diferença. Mas os eleitores só vão se definir mesmo depois da Copa e com o início oficial da campanha”, avalia o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro.

Além da comparação biográfica, Serra também promete atacar a questão dos juros e do câmbio, como forma de se diferenciar de Dilma. Economista fiel ao estruturalismo de Celso Furtado, ele diz que nada justifica que o Brasil detenha o recorde mundial de taxas de juros. E também critica a taxa de câmbio valorizada em prejuízo das exportações e do equilíbrio das contas externas. Serra é visceralmente contra a autonomia do presidente do Banco Central. Como explicou em entrevista à ISTOÉ, caso seja eleito, vai trabalhar com uma equipe econômica integrada e subordinada ao ministro da Fazenda.

Um nó mais imediato que o candidato do PSDB terá de desatar é a escolha de seu vice. Por mais que Serra diga que o assunto ficará para trás assim que o nome for anunciado, a novela se arrasta. E tem gerado desgaste na relação com o DEM, que tem até o dia 30, data de sua convenção, para formalizar sua indicação. “Se depender da forma como Serra toma suas decisões, pode ser que só decida no dia 30”, ironiza o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ). Hoje, o mais cotado para a vaga é o deputado José Carlos Aleluia, do DEM baiano. Mas correm por fora o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), e o senador Francisco Dornelles, do PP. “Temos uma reunião na próxima semana para tentar resolver a questão”, diz Guerra. Enquanto isso, a negociação para a formação de palanques nos Estados fica em compasso de espera.

A demora mostra que Serra não tem uma estratégia clara para a escolha de seu companheiro de chapa. Devido à indefinição, o ex-governador enfrenta críticas internas. Há duas semanas, em reunião realizada no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, os tucanos Tasso Jereissati, Pimenta da Veiga e Aécio Neves cobraram ajustes na campanha. Serra, sempre centralizador, teve de ceder. Para serenar os ânimos, criou um conselho político que dividirá as responsabilidades e ajudará a traçar novos rumos. O grupo, integrado por FHC, Aécio e pelos presidentes de partidos que compõem a aliança – como Sérgio Guerra (PSDB), Roberto Freire (PPS) e Rodrigo Maia (DEM) –, deve se reunir uma vez por mês. Os tucanos apostam que agora vai. Com a exposição na tevê e a questão do vice resolvida até o fim do mês, criando um novo fato político, os tucanos esperam retomar a dianteira da corrida à Presidência.

img3.jpg