Sem trocadilho: essa é literalmente uma guerra fria, e de baixíssima temperatura – a temperatura de chips, eletrodos, sensores e demais metais instalados a cada centímetro das novas máquinas bélicas que serão dos EUA e Inglaterra. A exemplo da guerra fria anterior que perdurou de 1947 a 1989, ao longo da qual americanos e soviéticos se peitaram numa corrida armamentista, também hoje algumas nações empenham-se cada vez mais no desenvolvimento de uma gelada parafernália tecnológica para abater o inimigo – sobretudo a distância. É assim que supersubmarinos e soldados de ferro entram agora na história. Enquanto nos EUA a Agência de Defesa de Projetos de Pesquisa Avançados (Darpa) cria esse soldado, a Marinha Real britânica (Royal Navy) gastou US$ 2,4 bilhões para construir o mais potente submarino do mundo.

Esse submarino é o maior espião que o mundo já teve – e seu charme ou ares de galã são zero. Ele é monstruosamente feio e implacavelmente eficiente em seus 91 metros de comprimento e 7,2 mil toneladas. Chama-se The Astut (O Astuto). “Dominaremos a guerra submersa”, diz o capitão da marinha inglesa Mike- Davis-Marks. Construído na fábrica da BAE Systems, em Cumbria (onde a Royal Navy constrói navios desde 1901), o supersubmarino foi equipado com fibra óptica, raios infravermelhos e um rastreio térmico de imagens capaz de detectar qualquer movimento no percurso do Canal da Mancha (entre Grã-Bretanha e França) à baía de Cork, na Irlanda. São milhas de distância. Mais ainda: carrega 38 mísseis Tomahwk, conhecidos por sua pontaria extremamente certeira. O poder de alcance: 1,4 mil milhas (distância aproximada entre São Paulo e Pernambuco). A propulsão do míssil se dá graças a um motor turbo que o acelera progressivamente até alcançar a velocidade de 880 quilômetros por hora, voando a uma altitude que oscila entre 15 e 100 metros.

Por fim, não menos surpreendente é o “fôlego” dessa máquina que se traduz na capacidade de ficar submersa por 35 anos, uma vez que seu reator nuclear não precisa de recarga e produz água potável a bordo através de um sistema de destilação e purificação. Transporta até 98 soldados e, detalhe dos detalhes, está aparelhada com diversos telões de plasma para que os soldados se entretenham com filmes – afinal, ninguém é de ferro.

Alto lá! Há sim um soldado de ferro que foi desenvolvido por técnicos do Departamento de Defesa dos EUA com a missão (e força nos braços) de resgatar soldados humanos feridos nos campos de batalha. Esse novo robô, apelidado de Bear (urso em português e sigla de Battlefield Extraction-Assist), parece um brinquedo gigante com 1,80 metro de altura e comandos que respondem a controle remoto. Brinquedo mesmo? Só rindo. O Urso é equipado com câmeras, microfones e sensores e agüenta até 135 quilos em cada braço. Caso um dos militares peça socorro dentro de uma caverna, ele não encontrará dificuldades para retirá-lo de lá, são e salvo. Motivo: ele possui microcomputadores nos “joelhos” e “cotovelos” que lhe permitem rastejar em terrenos montanhosos e driblar estreitas passagens.

Para ajudar o Urso em eventuais confrontos na sua tarefa de salvamento, deram-lhe um kit especial com “gelo invisível” e “raios de calor” para fazer os inimigos escorregarem ou fugirem. Esse gelo artificial é uma substância química que, sobre o solo, ganha a cor da superfície que cobre. “O adversário escorrega, mas o soldado americano, não. Para os nossos combatentes há um agente desativador desse efeito, é só vaporizá-lo no solado das botas”, diz Jan Walker, porta-voz da Darpa. Caso o Urso provoque, por exemplo, a ira de uma multidão, uma antena parabólica, nele instalada, emite um feixe de ondas eletromagnéticas que provoca nas pessoas a sensação intolerável de calor e a certeza de que as vestes vão se incendiar. Assim, novamente sem trocadilho, o gelado soldado de ferro torna-se um quente exterminador nessa guerra fria.

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