O candidato tucano José Serra entra em momento de decisão na sua campanha. Precisa decidir quem será o seu vice – que nem na convenção para sagrar o seu nome foi apresentado. Decidir sobre o melhor caminho para retomar a dianteira na corrida, que vinha mantendo até semanas atrás. E decidir ainda sobre o tom adequado para abordar um eleitor cada dia mais arisco a mudanças em um país que cresce à taxa de 9%, apresenta recorde de queda no índice de desemprego e teve mais de 35 milhões de brasileiros incorporados à classe média nos últimos anos. Serra conta com meio século de experiência no campo político para fazer essas escolhas de maneira segura. E mostra-se visivelmente tranquilo para traçar sua estratégia, como ficou evidente na visita que fez à Editora Três, que publica ISTOÉ, para a longa entrevista concedida na segunda-feira 14. O encontro com o grupo de editores da ISTOÉ ocorreu apenas três dias antes de ir ao ar o seu programa partidário com a nova cara do candidato tucano. O Serra que apareceu na telinha e o que esteve em nossa redação adotou um discurso mais brando.

Conciliador. Sem ataques diretos. Repleto de ideias para ajustar desvios na economia, no campo social, no plano diplomático, nas áreas da educação e saúde. O Serra moderado não se furtou sequer a falar, na entrevista exclusiva publicada a partir da página 48, de delicadas situações de sua vida pessoal. Avaliou grandes nomes do poder, nacional e internacional. Falou de seus ídolos – Churchill e Roosevelt – e confidenciou que acalenta de fato o projeto de uma cintilante trajetória na política desde tempos imemoráveis. Atribuiu a uma tia a lembrança sobre a primeira menção que ele mesmo fez a respeito da Presidência da República – ainda na tenra idade de 5 anos. O “Zezinho”, como era chamado, recorda apenas que decerto já discutia política com adultos quando tinha entre 8 e 10 anos. “Não tenho a menor idia do que eu devia dizer.” Hoje, às vésperas de uma disputa que promete acirradíssima, garante estar com um discurso tinindo, repleto de propostas na ponta da língua, para angariar cada voto rumo à cadeira com a qual sonhou desde menino.