Enquanto no resto do mundo a retórica de Washington reforça a luta contra o terrorismo internacional – desafio típico do século XXI –, na América Latina os EUA parecem querer voltar aos tempos da guerra fria. Naquela época, uma das principais armas de combate ao “comunismo ateu” eram as chamadas “rádios livres”, transmissões clandestinas financiadas pelo governo americano e dirigidas aos países do bloco socialista, como a Rádio América, no Leste Europeu, e a Rádio Martí, em Cuba. Agora, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou uma emenda à lei que autoriza a realização de transmissões para a Venezuela, para combater o que um legislador chamou de “retórica antiamericana e antiliberdade” do presidente venezuelano Hugo Chávez. “Se o governo americano der esse passo, nosso governo haverá de dar uma resposta. A cada ação contra-revolucionária, nós responderemos com o aprofundamento da nossa revolução”, ameaçou Chávez.

A lei foi aprovada poucos dias antes do lançamento da Telesur, uma rede estatal de tevê financiada pela Venezuela em colaboração com a Argentina, Cuba e o Uruguai e que tem como objetivo “combater a hegemonia” das grandes redes internacionais e locais na região. Este é o mais recente capítulo da queda-de-braço entre Chávez e os Estados Unidos, aos quais a Venezuela é um dos maiores fornecedores de petróleo. Em 2003, os EUA apoiaram uma frustrada tentativa de golpe contra o líder populista. No ano passado, apesar de ter contra si o empresariado e boa parte da classe média, Chávez venceu um plebiscito sobre a continuação de seu mandato.


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