Num quadro eleitoral sem a
presença do presidente Lula,
não é o ministro da Fazenda,
Antônio Palocci, que leva a melhor.
O ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) herda os votos da principal estrela do PT, conforme aponta a pesquisa Ibope realizada em 243 municípios, entre os dias 14 e 18 de julho. Garotinho passa dos 13% – consolidados em outros cenários em que Lula está na disputa – para 24%, liderando a preferência do eleitorado. O segundo colocado nesta simulação é o tucano Geraldo Alckmin, que aparece com 17%.

Palocci figura em último lugar, com 4%, atrás da senadora do PSol Heloísa Helena (6%), uma amostra de que o presidente Lula está sem substituto, caso desista da reeleição em decorrência da crise política que toma conta de seu partido e paralisa seu governo. O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), é o terceiro colocado, com 9% dos votos. Os votos branco e nulo, com Lula fora da reeleição, sobem de 20% para 30%. A margem de erro do estudo é de 2,2 pontos porcentuais.

Garotinho tem melhor performance entre eleitores jovens (de 16 a 24 anos) e também com menos escolaridade. O mesmo acontece quando se mensura o voto por renda familiar. O ex-governador, ao contrário do ministro Palocci, tem a preferência dos que ganham até um salário mínimo (35%) e daqueles que recebem de um a dois mínimos (30%). Os eleitores de Garotinho estão mais concentrados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Já os eleitores do tucano Geraldo Alckmin estão mais ao Sul e ao Sudeste. No caso de Lula abrir mão de candidatar-se à reeleição, a briga por sua herança eleitoral de 52 milhões de votos promete. Enquanto o PT patina nas denúncias que complicam a vida de altos dirigentes da legenda, Garotinho trabalha a fim de se consolidar como candidato do PMDB à sucessão. Por enquanto, o foco está nos trabalhos do Congresso e suas muitas CPIs. A melhor opção é trabalhar as bases e negociar à moda do político mineiro, em silêncio.