Dedicação exclusiva à arte: essa é a força que move a companhia francesa Théâtre du Soleil, uma das maiores do mundo, que incluiu São Paulo na turnê mundial do espetáculo Os efêmeros. Cinco horas antes do início da peça, que dura sete, a trupe de 70 pessoas já está na tenda armada no Sesc Belenzinho. São 34 atores, e entre eles está a brasileira Juliana Carneiro da Cunha, que se alterna em seis papéis. No camarim coletivo, a luz difusa vem de abajures. A companhia liderada pela rigorosa Ariane Mnouchkine não passa nenhuma cena antes do espetáculo – o seu método de aquecimento é, na verdade, um desaquecimento. Cercados de objetos pessoais, os atores ficam lendo enquanto cuidam da maquiagem, da colocação de perucas e da troca de roupas.

Nas mesas do camarim vêem-se obras de William Shakespeare, um livro sobre dança coreana e o romance Gabriela, cravo e canela (Jorge Amado) em colorida edição francesa. Uma hora antes de a trupe entrar em cena, Ariane chama todos os atores para uma conversa sobre a peça. A reunião é encerrada com uma espécie de oração e ela cumprimenta, então, os artistas – um a um. Eles estão prontos para mais uma "aventura teatral". É assim que Ariane apresenta Os efêmeros para a platéia.