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CLIMA NADA AMISTOSO
Tumulto em estádio de Johannesburgo deixou 15 feridos.
E era só um jogo-treino

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Se servir como uma amostra do que vem pela frente, a semana que antecedeu o início da Copa do Mundo de 2010 revela que a polícia sul-africana terá muito trabalho para garantir que este será um dos Mundiais mais seguros já realizados, como vem prometendo o governo do país. Apenas nos cinco dias anteriores à partida de abertura entre África do Sul e México, quatro incidentes ampliaram o temor de que a segurança seja um problema, talvez o maior durante o torneio. No mais sério deles, 15 pessoas foram pisoteadas, no domingo 6, depois que uma multidão de 20 mil pessoas invadiu um estádio na periferia de Johannesburgo para assistir ao modorrento amistoso entre Coreia do Norte e Nigéria. Por pouco não ocorreu uma tragédia similar à de 2001 no Ellis Park, estádio em que o Brasil estreia, quando 43 pessoas morreram pisoteadas em um tumulto durante um jogo de futebol.

A questão da segurança preocupa nos estádios, nas ruas e até nas vigiadas concentrações das seleções. Na quarta-feira 9, cinco jornalistas espanhóis e portugueses tiveram suas câmeras, computadores, dinheiro e até mesmo as roupas roubados no hotel em que estavam hospedados, em uma cidade ao norte de Johannesburgo. Um dia depois, três jornalistas chineses tiveram o mesmo destino, em Johannesburgo. Em uma estrada que liga o centro da cidade ao bairro de Soweto, eles foram parados por homens armados que levaram seus equipamentos e dinheiro. A polícia conseguiu prender os ladrões e recuperar os itens levados. Para completar, três jogadores da Grécia tiveram US$ 1,9 mil roubados de seus quartos na concentração.

Com uma das maiores taxas de homicídio do mundo – 61 por cada 100 mil habitantes – o país é considerado um dos mais violentos entre as nações emergentes. De acordo com o governo sul-africano, mais de 40 mil policiais foram destacados para trabalhar exclusivamente com a segurança dos jogadores e dos visitantes do Mundial. “Ainda temos outros 150 mil policiais fazendo a segurança do país como um todo, não há o que temer”, afirmou, na quinta-feira 10, o porta-voz do governo sul-africano, Themba Maseko.

Além dos crimes comuns e do histórico de tragédias envolvendo grandes aglomerações, pairam ameaças de um ataque terrorista. As seleções com maior potencial de ser alvo de extremistas estão tomando todas as precauções possíveis. Além de agentes próprios, a Inglaterra contratou empresas de segurança privada para garantir que seus jogadores não terão problemas. Na concentração dos Estados Unidos, o clima é de alerta total. Nem os jornalistas credenciados pela Fifa estão imunes ao rigor dos agentes do Departamento de Estado americano. Toda vez que chegam para acompanhar um treino da equipe, têm seus equipamentos examinados por um cão farejador especializado na detecção de explosivos, são revistados e têm suas credenciais cuidadosamente analisadas. Em volta do campo, cerca de 20 policiais sul-africanos fortemente armados protegem os 23 jogadores. Apesar de todo o aparato, os americanos não conseguiram evitar que os muçulmanos marcassem presença nos treinos. A menos de 100 metros do estádio está instalada uma mesquita que, com potentes alto-falantes, faz o tradicional chamamento para orações matutinas e vespertinas. É quase sempre com os ritmados versos do corão “Allah- U Akbar” (Allah é o Senhor) que os jogadores do time americano aprimoram seus chutes, seus passes e seu esquema tático.

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