O Brasil nunca teve tanta gente com o “nome sujo na praça” como agora. Cerca de 64 milhões de brasileiros estão inadimplentes – o que equivale à população da Itália. Pesquisa do Serasa Experian do final do ano passado mostra que seis em cada dez famílias brasileiras não conseguiram honrar com o pagamento das dívidas. O calote possivelmente deve aumentar com as festas de final do ano. O crescente índice de maus pagadores preocupa o governo e as empresas e tem tirado o sono de muitas pessoas.

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“O brasileiro, apesar da fama de enrolado, não suporta ter o nome sujo. Ele quer pagar, o problema é resultado das constantes crises financeiras, desemprego e os juros extorsivos praticados no Brasil”, afirma Patrícia Lages, jornalista e consultora de finanças pessoais. Fundadora do blog “Bolsa Blindada”, Patrícia chegou a dever US$ 150 mil dólares, deu o cano temporário nos credores, quitou as dívidas sem pagar juros altos e hoje ensina as pessoas a como enfrentar as tormentas da economia doméstica. “O maior problema é que, geralmente, o devedor não sabe dos direitos dele. Ele acha que o único direito dele é pagar. Isso não é verdade”, afirma Patrícia.

Diante das dificuldades financeiras da população, cresce também um grupo de especialistas em finanças pessoais que ajudam as pessoas a enfrentarem os temidos cobradores, muitas vezes ásperos e inoportunos. Esses consultores ensinam como as pessoas devem se comportar para deixarem as listas de inadimplentes, fugindo dos juros extorsivos praticados pelo mercado. A principal ferramenta utilizada por eles é o chamado “direito dos devedores”. “As regras do mercado foram feitas o para os devedores perderem”, afirma o consultor financeiro Bem Zruel. Autor do best-seller, “Vou te ensinar a ser rico”, o livro está na 11ª Edição e mostra os passos que as pessoas devem seguir para sairem das dívidas em um ano e ter liberdade financeira. Israelense, há 19 anos no Brasil, Zruel foi à falência duas vezes, “saiu do buraco” e se tornou investidor e escritor de sucesso. “Se o devedor jogar o jogo dos credores, ele vai perder sempre”, diz Zruel.

Amparados no Código de Defesa do Consumidor, os especialistas são unânimes em afirmar que o primeiro passo para começar a colocar a vida financeira em ordem é “puxar o freio de arrumação” na vida. Vejam quais são as oito dicas dos especialistas para o devedor se dar bem nas negociações.

1 – Saber exatamente quanto se deve. A dívida apresentada pelos credores sempre está inflada com juros. Antes de qualquer coisa, exija que o credor lhe forneça o “valor original da dívida” – que é a dívida real sem acréscimo de juro. Peça também a “Memória de cálculo”, ou seja, o detalhamento de como o credor chegou ao valor da cobrança.

2 – Negocie sem medo dos cobradores. Dever não é crime.  Atenção, a não ser dívidas de pensão alimentícia, ninguém vai preso por dever. Preste atenção no tipo de dívidas. A inadimplência de veículos e imóveis faz o devedor perder o bem, assim como são suspensos a continuidade de serviços pela falta de pagamento com empresas de energia, TV a Cabo, telefonia. Dívidas com cartão de crédito e cheque especial dificilmente chegam ao fim nos tribunais. Com o passar do tempo, os agentes financeiros sempre optam por uma negociação amigável retirando os juros abusivos.

3 – Deixe o nome ficar sujo. Para o sucesso da negociação, o devedor não pode aceitar a cobrança de juro abusivo com medo de ficar negativado. Isso enfraquece a negociação. O nome sujo às vezes vai ser bom para o devedor, que não conseguirá fazer novos empréstimos e contrair novas dívidas.

4 – Parta para o tudo ou nada. Dê calote temporário no pagamento parcelado das dívidas de cartão e refinanciamento de cheque especial. A dica é: ou você paga tudo ou não paga nada. Junte o dinheiro e depois pague a dívida de uma só vez. Mesmo que demore um tempo para você juntar o dinheiro. Com a grana em mãos, o devedor sempre fará melhor negócio e você terá lucro ao final da negociação.

5 – Evite negociar por telefone nem tampouco confesse dívidas. As negociações por telefone são perigosas pelo risco de cair em golpes de quadrilhas especializadas neste tipo de roubo. Mais. Ao telefone, você pode ser levado a confessar valores de dívidas que são infladas pelos juros altos. Em último caso, grave toda a conversa com os cobradores. Certifique-se da idoneidade da empresa de cobranças.

6 – Nunca se aconselhe sobre o pagamento das dívidas com o gerente de seu banco. Tenha sempre em mente que o gerente não passa de um bom vendedor de um produto do banco. Portanto, ele está ali para fazer bons negócios para a empresa que trabalha, não para o devedor. O gerente não é um consultor de finanças pessoais.

7 – Uma dívida vale uma dívida. Nunca refinancie a dívida. Ou seja, não faça empréstimos para pagar outros financiamentos. Esse tipo de saída não tem fim.

8 – Controle emocional. Tenha paciência, calma e atenção nas negociações. Não deixe se levar por propostas dos credores. Sempre deixe eles te procurarem para negociar e não ao contrário. Tenha disciplina para não cometer os mesmos erros que lhe levaram ao endividamento.