Aos 70 anos, recém-completados, ela já não fica nervosa, não se vale mais de suas superstições e dispensa os rituais. No camarim, antes de mais um show em sua passagem por São Paulo, a cantora Elza Soares mantinha-se completamente serena. “Hoje, o palco é a continuação de minha casa, uma terapia onde eu dou e recebo”, diz ela. A sua turnê é para divulgar o lançamento de Beba-me, o primeiro DVD da carreira dessa consagrada sambista. No repertório do show, além de grandes sambas, Elza flerta com o rap e assina a composição Exagero, com Glaucus Xavier. “Nunca fui sedenta para gravar um DVD. Ele veio na hora certa e foi feito com muito amor. A resposta do público está sendo maravilhosa”, diz ela.

Elza relaxa, sem sapatos com as pernas cruzadas sobre a poltrona e, já maquiada, aguarda pacientemente os últimos retoques no cabelo: “Meu make-up é a única coisa da qual não abro mão antes de pisar o palco. Faço isso para que ninguém me pergunte de que mundo eu venho.” A cantora, que passou por uma cirurgia no aparelho digestivo, não perde o bom humor, a energia e a disposição que são suas características marcantes: “Isso vem de vocês. É uma forma de agradecer e retribuir todo o carinho do público.” Brincando com o título do DVD, ela faz questão de repetir aos risos: “Eu quero ser bebida e devorada pela platéia.”