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SUCESSO
A comunidade foi criada há 14 anos e recebe 72 mil visitas por mês

Quem já precisou passar a noite num aeroporto sabe como a situa­ção é incômoda, constrangedora e até perigosa. Mas o que parece traumatizante para muitos faz parte do roteiro de férias de alguns. Há os que programam “estadias” no local para economizar com diárias de hotéis e se tornam dormidores profissionais. Eles têm até uma comunidade na internet para auxiliá-los. Por meio dela trocam impressões sobre aeroportos de todo o mundo, dando recomendações de segurança e dicas de como ter uma noite tranquila. E não se trata apenas de aventura de mochileiro – qualquer viajante com orçamento apertado pode ter de se render a esse dormitório improvisado em alguma ocasião.

O ponto de encontro da tribo é o site The Guide Sleeping in Airports (Guia para Dormir em Aeroportos), que recebe 72 mil visitas por mês e tem cerca de seis mil comentários a respeito de aeroportos em todos os continentes.

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IMPROVISO
Fernanda usou a mochila como travesseiro

O de Guarulhos (São Paulo), por exemplo, é considerado entediante (estabelecimentos fechados à noite), desconfortável (poltronas sem braços inclináveis) e barulhento (sempre lotado). Apesar disso, um dos colaboradores conclui que a experiência foi proveitosa, já que ainda ganhou um pedaço de pizza de um pessoal que achou que ele fosse um mendigo. No Rio de Janeiro, o Antonio Carlos Jobim/Galeão recebeu nota boa – limpo, com funcionários prestativos e a vantagem de ter uma lanchonete 24 horas.

Durante o ano que passou estudando em Londres, a produtora de eventos Fernanda Wares, 27 anos, conheceu 11 países. Os voos com horário cedo, mais baratos, a obrigaram a dormir duas vezes no aeroporto londrino de Stansted. Na primeira vez, ela dormiu em assento comum. Depois, mais escaldada, levou cobertor e protetores de ouvido e se espalhou confortavelmente no chão, fazendo a mochila de travesseiro. “Durante a noite só pensava em trabalhar muito para comprar passagens em horários mais decentes”, lembra. O psicólogo catarinense Cristian Stassun, 26 anos, rodou por diversos países da Europa no ano passado e recorda com carinho das vezes em que teve de bancar o sem-teto. “Em Genebra (Suíça), dormi no chão sobre um papelão e só acordei com a enceradeira no meu ouvido.”

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A comunidade criada há 14 anos pela agente de viagens canadense Donna McSherry também dá dicas de como se comportar. Bancar o inocente, como se você estivesse ali porque não tem para onde ir, é importante. Para não perder o voo, o conselho é colocar um bilhete por perto avisando a hora em que precisa ser acordado. Além de carregar um kit sobrevivência, composto por saco de dormir, água e lanches. E, se mesmo assim a noite for um pesadelo, a recomendação é manter o bom humor, fazer amizades e explorar o sem-teto que existe dentro de você.


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