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CONVICÇÃO
A apresentadora britânica Alexa Chung criticou
a chapinha e resgatou os babuches

Em época de semana de moda, todos os olhos se voltam para as passarelas. O que há de novo? Quais as releituras? E a cartela de cores? Já elegeram a peça-chave da temporada? Mas os desfiles, como os que acontecem nesta semana em São Paulo, no SP Fashion Week, não são os únicos a ditar tendências. Para saber o que há de mais fresco na moda, e como beber dessa fonte, basta observar as it-girls. Este é o termo usado para descrever garotas de personalidade, com conhecimento em moda, que despertam o interesse da mídia e influenciam outras mulheres. Criativas, elas enxergam o potencial de produtos e combinam peças como ninguém. “São meninas bonitas, sexy, modernas e até transgressoras”, explica a escritora britânica, radicada em Nova York, Plum Sykes, que escrevia para as revistas “Vogue” americana e inglesa. “Todas querem ser como elas.”

Eleitas por estilistas de peso, revistas de moda ou sites especializados, as it-girls costumam inspirar mulheres pelo mundo. É o caso da francesa Fafi. Nascida em Toulouse, ela ganhou fama com seus grafites e conquistou seguidoras na Europa e nos Estados Unidos, que se vestem e se comportam como ela. Agora, o estilo de Fafi deve atingir as brasileiras. Ela assina uma linha para a Adidas que acaba de chegar às araras nacionais. “Me envolvi tanto no design quanto nas estampas das peças”, diz ela. “Para isso, busquei informações no meu próprio guarda-roupa.”

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O termo it-girl foi cunhado pela escritora inglesa Elinor Glyn nos anos 20. Na ocasião, ela usou a expressão para comentar o “algo mais” da atriz americana Clara Bow, estrela do filme mudo “It”, de 1926. “It é aquela qualidade que alguns têm de enfeitiçar outros”, disse Elinor. “Pode ser uma característica intelectual ou física.” De lá para cá, o termo acabou esquecido. Mas voltou a ser usado com frequência a partir 1999, com o lançamento de um documentário sobre a própria Clara, chamado “Clara Bow: Descobrindo a It Girl”.

As it-girls de personalidade são capazes de feitos memoráveis. Apadrinhada pela “Vogue” inglesa, que a elegeu a mulher mais bem-vestida de 2009, a apresentadora britânica Alexa Chung, 26 anos, criticou a ditadura da chapinha, ridicularizando a escravidão feminina por fios esticados, no ano passado. Seu ponto de vista promoveu uma surpreendente mudança – aos poucos, observou-se que os ondulados e os cachos começaram a retornar às ruas. Em março deste ano, outro feito de Alexa: ela surgiu na capa da mesma revista de babuche, aqueles tamancos de madeira de gosto duvidoso. Imediatamente outras celebridades passaram a desfilar os sapatos e algumas grifes a relançá-los. Com tamanho poder de influência, as it-girls têm despertado o interesse do mercado de moda. Versão midas do universo fashion, tudo o que a supermodelo Kate Moss usa vira objeto de desejo. Pensando nisso, a grife francesa Longchamp, que já tinha a modelo britânica como garota-propaganda, a convidou para desenhar uma linha de bolsas, lançada em janeiro, que é um sucesso de vendas.

O Brasil também tem suas it-girls. Filha da ex-modelo e jet-setter brasileira Andrea Dellal com um empresário britânico, a modelo Alice Dellal é referência de moda. De corte moicano e roupas desgastadas, ela circula, e é aplaudida, nas grandes festas do eixo Rio-Londres. Low profile, Alice é embaixadora do neo-grunge, que resgata a camisa xadrez, a calça puída e o moletom – à noite, faz o estilo punk sexy. Autora do blog de moda Petiscos, Julia Petit tem um estilo avesso a tendências óbvias. Assediada por grifes nacionais, que oferecem suas peças para ela vestir, a moça é firme nas suas convicções fashion e só veste o que gosta. Reproduzindo, assim, a essência de uma it-girl: fazer sua própria leitura da moda.

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