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Clique no player acima e assista ao trailer do terceiro episódio da animação que chega ao Brasil no dia 18 de junho

 

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MEDO DO DESTINO
O caubói Woody e o astronauta Buzz voltam a liderar os amigos em “Toy Story 3”.
Os brinquedos animados refugiam-se numa creche ao suspeitar que seu dono vai se desfazer deles

O filme “Toy Story 3”, continuação do celebrado desenho animado da Pixar que em 1995 revolucionou a maneira de se fazer longas-metragens de animação, traz agora, 11 anos após o seu segundo episódio, uma situação emblemática: Andy, o dono dos brinquedos protagonistas da história, ficou maior de idade, prepara-se para entrar na universidade e, por isso, vai ter de se desfazer dos bonecos, carrinhos e bichos que o animaram na infância e adolescência – e, no cinema, alegraram uma legião de espectadores do mundo inteiro, sejam eles crianças, sejam adultos. Essa situação é emblemática porque reflete o impasse dos grandes estúdios em relação às suas franquias bem-sucedidas. Como envolvem somas milionárias (US$ 200 milhões no caso de “Toy Story 3”) e infindáveis horas de trabalho diante de computadores, a decisão de dar continuidade a um desenho de sucesso inclui riscos que podem levar uma empresa cinematográfica a uma desconfortável situação financeira. Até que ponto se deve apostar em personagens cultuados e prolongar sua vida em novas aventuras? Quando seus prazos de validade se mostram vencidos? Esse tipo de pergunta passou, com certeza, pela cabeça do todo-poderoso produtor e animador John Lasseter, diretor de criação da Pixar, que levou 11 anos para trazer de volta às telas o caubói Woody, o astronauta Buzz Lightyear e toda a turma de borracha de “Toy Story”, a primeira produção totalmente feita em computação gráfica. É tempo suficiente para uma geração inteira se ver na mesma posição do jovem Andy, que se despede de sua trupe animada colocando-a numa caixa de papelão com uma etiqueta sinistra: sótão.

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DESPEDIDA
A mãe de Andy mostra os brinquedos no baú

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DESPEDIDA
Os bonecos rebeldes a postos

Lasseter apostou na sobrevida dos bonecos – e se mostrou certo – por acreditar numa regra básica que garante a longevidade de qualquer animação e se traduz em situações envolvendo, obviamente, novos personagens. Em “Toy Story 3”, que estreia no Brasil na sexta-feira 18, os bichinhos são muitos – e, tirando um ou outro, apenas vilões. Os bonecos malvados moram em uma creche e se tornaram assim porque sentiram-se rejeitados pelos donos ao serem levados para lá. Outro motivo: as crianças do lugar adoram fustigá-los, jogá-los contra a parede, fazê-los em pedaços. Natural que eles se revoltem. Essa gangue do mal inclui um urso de pelúcia rosa que exala odor de morango, um bebê com o olho esquerdo avariado e um macaco adestrado para vigiar o local. Eles implantaram uma ditadura na creche e a colocam em ação quando Woody, Buzz e cia. buscam abrigo em sua companhia ao concluírem (erroneamente) que Andy, o seu dono, os jogaria no lixo. Está aí uma ideia criativa o suficiente para trazer de volta os fãs da série e angariar novos espectadores. Esse não parece ser o caso de “Shrek”, que, no quarto episódio, já mostra sinais de esgotamento: apesar de ser o filme mais visto dos EUA, com faturamento superior a US$ 250 milhões, ele teve uma abertura inferior a “Shrek 3” (US$ 76 milhões contra US$ 122 milhões). O resultado preocupa os estúdios DreamWorks, que, já prevendo a queda, anunciaram ser essa a última aventura do ogro verde.

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Mesmo sinalizando para uma despedida, “Toy Story 3” demonstra ter muito gás. Seu segredo é compartilhado por todos os outros desenhos que ganharam continuação nos últimos anos. Ao contrário de “Shrek”, a história dos brinquedos de borracha não tem seu enredo circunscrito à vida familiar. Ou seja, eles formam um grupo de amigos, por si só heterogêneo. Para a criança, essa variedade de personagens ensina o respeito pela diferença; para o adulto, oferece um retrato do multiculturalismo dos dias de hoje. A parcela de público adulta, aliás, é a que mantém a permanência dos desenhos contemporâneos e explica a profusão de piadas que arrancam gargalhadas dos pais, mas deixa a criançada sem entender nada. A melhor delas nesse “Toy Story 3” diz respeito ao personagem de Ken ( ele mesmo, o namorado da Barbie), com ótima dublagem de Michael Keaton. Morador da creche, ele convida Barbie para ir ao seu closet. E passa a provar todos os trajes extravagantes dançando como John Travolta ao som de “Le Freak”, do grupo Chic, ícone da era da discoteca. Com inveja do visual do rapaz, a certa altura um dos bichinhos o agride: “metrossexual!”. É essa criatividade casada com todas as maravilhas tecnológicas – o 3D inclusive – que dá vida longa às mo­dernas animações.

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