Bebianno espera que o PSL receba adesões de políticos de partidos conservadores menores (Crédito:Ricardo Borges/Folhapress)

O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, está convicto de que são bem grandes as chances de logo o partido se tornar maior que o PT na Câmara. Não foram poucos os partidos de cunho conservador, mas sem grande densidade ideológica, que tiveram desempenho baixo nas eleições e tendem a desaparecer por causa da cláusula de barreira. Casos de Patriota, PTC e PMN. A expectativa, portanto, é que os deputados eleitos por essas siglas migrem para o PSL, fazendo com que o partido ultrapasse o PT como maior bancada. Por conta da legislação vigente, observa o analista político André Pereira César, no relatório que sua empresa, a Hold Assessoria Legislativa, enviou esta semana aos seus clientes, esses partidos já ficarão sem estrutura de liderança e sem poder disputar presidências de comissões.

No Senado

Assim, diante dessa perspectiva, a tendência é que a bancada do PSL engorde. No Senado, o partido elegeu 4 representantes. É a primeira vez que o PSL elege senadores. André Pereira César projeta, porém, que também nessa Casa o partido terá chance de acolher mais alguns integrantes. O líder da bancada será o Major Olímpio.

Na Câmara

Na Câmara, os destaques serão Eduardo Bolsonaro (SP) — eleito com mais de 1,8 milhão de votos —, Joice Hasselmann (SP), Delegado Waldir (GO), Delegado Francischini (PR), Álvaro Antonio (MG), Luciano Bivar (PE) e Bia Kicis (SP). Para André Pereira Cesar, o PSL representa um “caso clássico de renovação conservadora”.

Ministros

Edilson Rodrigues

No Congresso esta semana, especulava-se que Jair Bolsonaro, caso seja eleito no domingo 28, deverá chamar políticos que ficaram sem mandato para cargos em seu governo como forma de ampliar sua base de apoio. Um dos nomes nessas especulações seria o da senadora Ana Amélia (PP-RS), candidata a vice de Geraldo Alckmin, do PSDB. Um possível
cargo seria o Ministério das Relações Exteriores.

Rápidas

* O ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil de Michel Temer, coordenará o processo de transição no âmbito do governo federal. Os ministérios e suas áreas técnicas estão preparando relatórios que serão entregues às equipes do presidente eleito neste domingo.

* Segundo informações do Palácio do Planalto, tais relatórios já estão bem adiantados. A partir de segunda-feira 29, sistemas de informações sobre as ações do atual governo estarão disponíveis para consultas.

* Nos ministérios, comenta-se que tais relatórios contêm, principalmente, um esforço de defesa das ações de cada pasta. A chave para isso resume-se ao seguinte: receio de desmonte da máquina.

* Como Jair Bolsonaro (PSL) é o favorito para vencer a disputa no domingo 28, o esforço no caso é para evitar ao máximo que ele, de posse das informações, cumpra a promessa de extinguir 20 mil cargos comissionados na Esplanada.

Retrato falado

“Eu escolhi o lado dos militares”

São pelo menos três os ministros do presidente Michel Temer que declararam apoio ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro: o secretário de Governo, Carlos Marun; o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão; e Ronaldo Fonseca, da Secretaria-Geral. Fonseca diz que o país vive um momento de “absoluta histeria social”, em que dois militares aparecem com uma pauta conservadora nos costumes e liberal na economia, contra outra liberal nos costumes e intervencionista na economia. Ele optou pela primeira.

Toma lá dá cá

ACM NETO, PRESIDENTE DO DEM

Seu partido fez parte do bloco de Geraldo Alckmin. Agora o senhor manifesta adesão a Jair Bolsonaro. O DEM bolsonarizou?

O Democratas não está apoiando Bolsonaro. Eu declarei o meu apoio, embora não concorde 100% com suas ideias. Entre Bolsonaro e Fernando Haddad, não posso ficar ao lado do PT, que quebrou o Brasil.

Num governo com DNA conservador, como será a postura do seu partido?

Vamos apoiar todas as medidas necessárias para tirar o país da crise, com uma postura de independência e com muito trabalho.

A bancada do DEM diminuiu de 43 para 29…

O DEM foi vitorioso. O partido elegeu nove deputados a mais do que em 2014. Saltou de dois para seis senadores. Governará dois estados.

Rei dos aeroportos

A Polícia Federal colocou em seu radar a licitação de nove aeroportos de carga do país. Chama a atenção da PF o fato de todos esses aeroportos estarem agora sob administração do Consórcio Ponta Negra. O sinal amarelo acendeu depois que o representante do consórcio, Sérgio Roberto Melo Bringel, foi preso por participar de um esquema de desvio de recursos destinados à saúde pública no Amazonas. Bringel foi vencedor em nada menos que nove licitações de aeroportos no país. Subitamente, tornou-se o rei dos terminais de transporte aéreo de carga. Com um detalhe que torna o caso ainda mais intrigante: em boa parte das vezes, ele não teve concorrente.

Sozinho

O Consórcio Ponta Negra, de Sérgio Roberto Melo Bringel, participou sozinho das licitações para a administração dos aeroportos de Palmas (TO), São Luís (MA), Teresina (PI), Macapá (AP), Londrina (PR) e Petrolina (PE). A PF investigará se houve algum esquema e se as licitações dos aeroportos foram dirigidas.

Para Pinochet

Em 2006, o deputado Jair Bolsonaro tentou enviar via mala diplomática uma mensagem para Augusto Pinochet Molina, neto do ex-ditador chileno Augusto Pinochet. ISTOÉ teve acesso ao telegrama. “Rogo transmitir ao Bravo Capitão Augusto Pinochet Molina minha solidariedade (…) ao não se curvar às mentiras da esquerda”, dizia o texto.

Mensagem pessoal

A mensagem, porém, não chegou ao seu destino. O Itamaraty explicou a Bolsonaro que “o Ministério não transmite mensagens pessoais, as quais deverão ser, caso deseje o parlamentar, encaminhadas diretamente aos destinatários”. Na época, o neto de Pinochet foi expulso do Exército após exaltar as “conquistas” de seu avô.

No partido

Mateus Bonomi

Não deverá ficar totalmente fora da política como disse inicialmente o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Eunício não conseguiu se reeleger. Ele agora articula-se para conseguir algum cargo importante na direção do partido, como forma de continuar exercendo influência política.