07/06/2010 - 20:33
Algumas semanas atrás, tive uma conversa muito interessante. Estava debatendo com alguns amigos sobre quais seriam as coisas mais valiosas em nossas vidas e mencionei que acreditava que elas não tinham preço. Um amigo rapidamente me corrigiu: "Tudo na vida tem preço!". Como estava em um jantar e era tarde, não quis discutir. Mas aquela conversa me deixou pensativo.
Pesquisei um pouco e entendi o que meu amigo dizia. Se quisermos, hoje podemos precificar quase tudo nesta vida. Mas nem sempre foi assim.
Muito antes do ábaco, nossos ancestrais viviam em tribos nas quais a troca nem sequer existia. Os homens caçavam (em grupos), e as mulheres cuidavam da família e da agricultura (em grupos também). A troca era apenas uma forma de cada grupo demonstrar seu valor para a comunidade, sem ganho pessoal específico.
Com o passar do tempo, iniciou-se um processo de troca, medição e precificação das coisas. Um quilo de carne de javali passava a valer o equivalente a três quilos de arroz, e assim por diante.
Centenas de anos se passaram, e os mercados e moedas foram criados. A partir daí, você conhece a história. Na tentativa de dar valor a algo, comparamos e medimos quase tudo com seu "valor de mercado". Quase tudo, de um saco de arroz a uma hora de seu trabalho na empresa, é precificado.
Porém ainda acho que as coisas tendem a ser mais valiosas na proporção inversa às quais conseguimos precificá-las.
Os momentos especiais com aquela pessoa que você ama, o dom de um artista, saber que tem saúde e o amanhecer são exemplos de pequenas coisas que não têm preço.
No nosso anseio por ter, às vezes nos confundimos, acumulando coisas quem custam muito, mas não necessariamente têm muito valor.
A vida fica mais rica quando aprendemos a compreender a diferença entre os dois e a dar valor às coisas sem preço.