A pedido do procurador Rodrigo De Grandis, do Ministério Público Federal, a Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de um fundo de investimento de R$ 535,8 milhões do banqueiro Daniel Dantas. Segundo a Justiça, o banqueiro e outras quatro pessoas ligadas a ele – a irmã Verônia Dantas; a mulher, Maria Alice; o presidente do Grupo Opportunity, Dório Ferman; e o administrador Norberto Aguiar Tomaz – são suspeitos de envolvimento num suposto esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. O pedido do procurador Rodrigo De Grandis foi feito a partir de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que considerou irregular as movimentações do Grupo Opportunity, de Daniel Dantas. Os técnicos do Coaf identificaram duas transferências atípicas: uma feita pelo Opportunity, no valor de R$ 535,8 milhões, repassados para o BNY Mellon Serviços Financeiros DTVM S.A. – entidade sediada no Rio de Janeiro, no mesmo prédio da empresa de Daniel Dantas –, e outra de R$ 10 milhões, realizada pelo executivo Dório Ferman no Recife. Através do Relatório de Inteligência Financeira nº 2.436, o Coaf informou o Ministério Público Federal que tinha identificado “atividades suspeitas de lavagem de dinheiro” envolvendo Dantas e Ferman.

A determinação do bloqueio foi dada pelo juiz federal Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal de São Paulo – o mesmo magistrado que mandou prender Dantas duas vezes durante a Operação Satiagraha e cujos mandados de prisão foram anulados pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. A Justiça também determinou o seqüestro dos R$ 10 milhões depositados no dia 21 de julho numa conta bancária da irmã de Ferman, Beasy Schchnik, no Banco Itaú no Recife – uma “retirada de quantia significativa de uma conta até então pouco movimentada”, segundo o Coaf.

“Essa movimentação financeira pode indicar a prática de crime de lavagem, abrindo uma nova frente no caso Satiagraha”, disse o procurador De Grandis. O advogado de Dantas, Nélio Machado, afirmou que a procedência do dinheiro é limpa e que o bloqueio dos R$ 535,8 milhões é fruto de “má-fé” do Ministério Público Federal e da Justiça Federal. “É má-fé de quem está fazendo isso. O juiz federal Fausto Martin De Sanctis, vez por outra, se excede, e eu entendo que ele novamente se excedeu”, disse. Segundo o advogado, o Opportunity decidiu transferir a administração do fundo para outra empresa como “medida preventiva”, para passar para o mercado financeiro uma mensagem de que o Opportunity “desfruta de absoluta confiança no mercado”. Dantas já é réu em um processo criminal por suposto oferecimento de US$ 1 milhão a um delegado da Polícia Federal para que fosse excluído da investigação da Operação Satiagraha.