i62533.jpgCom uma popularidade recorde, embalada pelas boas notícias no campo social e na área econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se transformou no principal cabo eleitoral das eleições municipais. Mesmo o candidato que não pode se dar ao luxo de tê-lo ao seu lado no palanque inventa uma maneira de exibi-lo no horário eleitoral gratuito. O resultado é que, desde o início da campanha eleitoral em junho, integrantes de partidos aliados e até da oposição vêm travando acirrada disputa na Justiça pelo uso da imagem do presidente. O retorno eleitoral do filão Lula é tão lucrativo que alguns candidatos, especialmente no Nordeste – região onde o presidente alcança 80% de aprovação –, chegaram ao cúmulo da ousadia. Na tentativa de surfar nessa onda, políticos têm disseminado pelos Estados gravações falsas nas quais uma voz imita a de Lula e pede votos para eleger prefeitos e vereadores. ISTOÉ apurou que a Justiça Eleitoral já investiga mais de 50 casos espalhados por municípios do Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco, Alagoas e Bahia. Até agora, foram comprovados dois casos nos municípios cearenses de Granja (a 353 quilômetros de Fortaleza) e Acopiara (a 345 quilômetros). Nas duas cidades, a fraude foi obra da empresa cearense de marketing Propter, que contratou o humorista apelidado de Fox para, com a voz idêntica à de Lula, pedir o apoio do eleitorado aos candidatos Romeu Aldigueri (PPS) e Antonio Almeida (PTB). Tanto em Granja como em Acopiara, os candidatos são coligados ao PT e já utilizavam a imagem do presidente Lula em seu material de campanha impresso. Nos spots, o texto lido pelo Lula falsificado é o mesmo. O responsável pelas duas campanhas é o cientista político Fabner Utida, de Fortaleza. “A mensagem foi feita em tom de humor. Em nenhum momento o locutor se identifica como o presidente Lula”, defende-se Utida. Não é o que parece. “Nunca na história desse País se fez tanto para melhorar a vida das pessoas. Por isso, no município de (…), o candidato (…) tem todo o meu apoio”, repete a voz. Em Granja, por causa dessa adulteração, o candidato Romeu Aldigueri teve sua expulsão recomendada pelo diretório regional do PPS e a veiculação da propaganda foi impugnada pela Justiça Eleitoral. O mesmo deverá ocorrer nos municípios onde as fraudes sejam comprovadas.

Em São Paulo, a disputa é pela utilização da imagem real de Lula. No horário eleitoral na televisão, o presidente já foi exibido tanto pela candidata do PT, Marta Suplicy, quanto pelo do DEM, Gilberto Kassab. Na queda-de-braço, o atual prefeito já sofreu um revés. A Justiça proibiu Kassab de usar a expressão “o presidente já tá junto” em seu programa eleitoral. No Rio, o candidato do PT, Alessandro Molon, tenta impedir também na Justiça que o adversário Marcelo Crivella (PRB) utilize a imagem de Lula na televisão. O vice-presidente, José Alencar (PRB), durante o programa de Crivella, chegou a afirmar que ele é o “candidato do coração de Lula”, informação que vem sendo repetida como um mantra pelo senador em sua campanha municipal.

Em Teresina (PI), imagens do atual prefeito e candidato à reeleição, Silvio Mendes (PSDB), ao lado de Lula e do governador Wellington Dias (PT) no horário eleitoral, provocaram a ira na coordenação da campanha do petista Nazareno Fonteles, que também recorreu à Justiça pela proibição. Em Salvador, a briga pela imagem de Lula pôs em lados opostos o atual prefeito, João Henrique (PMDB), e o candidato petista, Walter Pinheiro. Os dois representam forças políticas que estiveram juntas na capital baiana e que fazem parte da base de sustentação ao governo federal. Até agora, a Justiça foi sensível ao PMDB. O PT queria exclusividade, mas o PMDB foi autorizado a utilizar a imagem do presidente em seus programas.


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