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Século 21
Nesse início de século, a mulher procura conforto e sensualidade. Destaque para peças sem costura e com tecidos tecnológicos. Melhor ainda se inovarem no design e no corte, privilegiando cada tipo de corpo.

Se a mulher contemporânea pode abrir sua gaveta de roupas íntimas e incorporar quem quiser – da moça recatada ao mulherão sexy –, há 500 anos, suas ancestrais não tinham nenhuma opção. De baixo das longas saias e vestidos usava-se um combinado bem insosso: um calção na altura dos joelhos e uma blusa de alça, ambos arrematados por um camisolão. Todos de algodão, larguinhos e sem estampas. Curiosidades históricas como essa estão na exposição Knickers! 500 years of underwear (Calcinhas! 500 anos de Peças íntimas), em cartaz no Wallsall Museum, em Wallsall – no centro- oeste da Inglaterra. A mostra, que fica aberta até 7 de julho, reúne 100 modelos de calcinhas, sutiãs e camisolas.

Entre as peças expostas, as mais antigas datam do período Tudor, na Inglaterra, de 1485 a 1603. A exposição traz ainda roupas íntimas da era vitoriana (1837 a 1901) e do período pós-guerra, quando as calcinhas ganharam contornos mais femininos, sensuais e com estilo. Outro destaque da mostra são as roupas históricas da coleção Hodson Shop, de peças íntimas femininas da classe trabalhadora da Inglaterra. A loja foi aberta pelas irmãs Flora e Edith Hodson em 1918 e funcionou vendendo lingerie, tecidos e roupas infantis por 40 anos. Segundo Louise Harrison, da curadoria da exposição, observar a mudança de estilos e preferência femininos nos últimos 500 anos é cativante. “É uma maneira de apreciar os modelos pioneiros e valorizar os atuais”, diz.

Há poucos estudos no mundo sobre a evolução da calcinha. Mas, segundo historiadores, foi há cerca de 500 anos que surgiu o conceito de roupas de baixo, ou seja, de peças confeccionadas especialmente para proteger, aquecer e manter a higiene das partes íntimas femininas. Antes disso, na Grécia e Roma antigas, as moças usavam tangas – também precursoras da cueca, que tomou forma no estilo samba-canção no século XVII. As tangas eram amarradas ao corpo de várias maneiras. Uma delas consistia em passar por entre as pernas uma tira comprida de couro e amarrá-la à cintura, com um nó ou com um pedaço de corda. Nos dias de calor, o “modelito” virava roupa mesmo. Na Idade Média, os panos ficaram maiores e as tangas foram substituídas por uma espécie de bermudão fofo – amarrados nas pernas e na cintura, também com cordas. Não primava pela beleza, mas era prático. Tanto as mulheres quanto os homens tinham condições de fazer suas necessidades biológicas sem tirar a produção. Depois disso, vieram os calções, os shorts e as ceroulas.

A grande revolução das lingeries ocorreu no século 20. Com o surgimento de novos tecidos e designs diferentes, as calcinhas ganharam um novo status. Além de funcionais, confortáveis e duradouras, passaram a ser vistas como item de sensualidade na década de 70. Atualmente, a tendência é a utilização de tecidos tecnológicos, que permitem melhor “respirabilidade” das regiões íntimas das mulheres, e os sustentáveis, feitos de fibra de bambu, por exemplo. A grife carioca de lingeries Verve aposta neles. “Não seguimos tendência de moda, nos baseamos nas preferências de nossas clientes. Hoje em dia a mulher busca conforto e por isso investimos na tecnologia”, diz Angela Chinelli, sócia da Verve. Paralelamente, elas querem estar bonitas – mesmo que para um único eleito. “A estamparia tem que ser colorida e alegre, para combinar com o espírito tropical”, diz Angela. Sorte deles.

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A REVOLUÇÃO DAS ROUPAS DE BAIXO

ANTES DA CALCINHA

Grécia e Roma antigas
Assim como os homens, as mulheres usavam um tipo de tanga para manter as partes íntimas protegidas e aquecidas. Tratava-se de um pedaço de tecido que passava por entre as pernas e era amarrado na cintura – a exemplo das fraldas de pano usadas nos bebês.

A peça não era considerada roupa de baixo porque no calor era a única veste no corpo.

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DEPOIS DA CALCINHA

Séculos 15 a 17
Na Idade Média e no Renascimento, as vestes íntimas das mulheres ainda se assemelhavam às dos homens. Pedaços de pano eram amarrados às pernas e à cintura. O próximo passo foi o surgimento do calção. Larguinho, era usado debaixo de um camisão. Só depois vinha a saia ou o vestido. As peças mais antigas de que se tem notícia datam do período Tudor (1485 a 1603), na Inglaterra.

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Século 18
As mulheres usavam um verdadeiro arsenal de acessórios por debaixo dos vestidos. Eram calçolas (como um short), calças, petticoats (tipo de saia de baixo) e armações de arame. Com a Revolução Industrial e a proliferação das máquinas de costura, o algodão se popularizou na Europa. As mulheres, no lugar de costurar suas roupas íntimas em casa, passaram a comprá-las em lojas. Nessa época, as estampas já eram comuns.

 

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Século 19
Na segunda metade do século 19, as mulheres usavam ceroulas e calças bufantes com renda debaixo de uma coleção de saias. Com essas calças, que tinham o objetivo de manter as pernas das moças longe dos olhares curiosos, as saias puderam encurtar um pouco. O charme, especialmente na era vitoriana (1837-1901), era a combinação da calça com as saias e os vestidos.

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Século 20
É o século das grandes revoluções no universo das calcinhas e das lingeries em geral. Foi nesse período que os espartilhos sumiram de vez, dando lugar ao sutiã. Surgiram as cintas-ligas para segurar as meias-calças 7/8 e também a lycra e o náilon – ampliando, assim, as opções em roupas íntimas. Os calções encolheram e por volta de 1960 já lembravam as calcinhas de hoje. Nos anos 70, o conforto e a durabilidade ganharam uma atração a mais: a sensualidade.

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