Confrontado na semana passada com as informações do inquérito da Polícia Federal sobre o Mensalão Mineiro, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), esquivou-se: "Quero aguardar a denúncia para entender direito o que está acontecendo." Ora, para entender o que aconteceu, bastaria ele ter uma conversa franca com o personagem que está no centro das investigações: o ex-presidente do PSDB e seu colega de Senado Eduardo Azeredo (MG). Com a convenção para trocar o comando do partido marcada para o próximo mês, os tucanos não emitiram nenhuma demonstração de solidariedade a Azeredo. Preferiram frases secas, como a de Tasso, que, a pretexto de omitirem qualquer juízo de valor, já são um sinal muito claro de como anda o ambiente no partido.

Azeredo, por exemplo, pretendia se explicar ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, como fez o ministro Walfrido dos Mares Guia na terça-feira 18. Foi desaconselhado pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "No máximo, a sua situação vai ficar exatamente como está", analisou Virgílio. Azeredo desconfia que haja no PSDB a idéia de que, em último caso, vão querer isolá-lo para ele assumir sozinho a responsabilidade pelo esquema com Marcos Valério. Livrar-se dele, pela renúncia, mais do que pela cassação, seria uma saída para o partido preservar um dos trunfos para a eleição presidencial de 2010: o governador de Minas, Aécio Neves.

O principal artífice dessa idéia é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Quando estouraram em 2005 as primeiras informações sobre o caso, FHC foi o primeiro a pedir internamente o afastamento de Azeredo da presidência do PSDB. Numa conversa recente, voltou à carga: – Eduardo, quando essa coisa ia estourar, você tinha que ter nos avisado – disse.
– Avisado o quê? Todo mundo sabia como se deu a campanha – respondeu Azeredo.

Azeredo insiste que seu papel no Mensalão Mineiro era o mesmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do Mensalão do PT. Se Lula ignorava o que fazia o PT com Marcos Valério, ele, em Minas, também nada sabia. O problema desse argumento é que ele obriga o tucanato a conceder o mesmo benefício a Lula. Assim, sem poder assumir nem se desculpar, o ninho tucano prefere o silêncio.