04/03/2009 - 10:00
Guerras dizimam populações, destroem economias e arrasam países. A maioria delas aconteceu nas regiões mais ricas em biodiversidade. Mas as guerras também podem evitar, às vezes, que espécies ameaçadas continuem a ser extintas. Essas teses constam do último relatório da ONG Conservação Internacional, dos EUA, que analisou dados de conflitos entre os anos de 1950 e 2000. O relatório, divulgado na semana passada, quantifica o desaparecimento de florestas e animais em decorrência de choques entre países. Sempre se contabilizou o número de seres humanos que morrem. Agora, pela primeira vez, volta-se o olhar para as baixas sofridas pelo meio ambiente. Segundo o estudo, todas as guerras nesse período se deram nas regiões chamadas hotspots: aquelas que são prioritárias na conservação da flora e da fauna, abrigando mais de 50% das espécies de plantas e pelo menos 42% dos mamíferos. A pesquisa, chamada Guerra nos Hotspots de Biodiversidade, diz: "90% dos embates se desenrolaram entre países que abrigam hotspots e 81% deles foram em regiões vitais à biodiversidade."
A queda da atividade econômica e o isolamento imposto pela violência podem propiciar "respiro e recuperação à natureza".
Servem de exemplo as duas guerras mundiais: a redução na pesca comercial no Mar do Norte permitiu que espécies ameaçadas de extinção se recuperassem. Também em Myanmar, os sucessivos enfrentamentos com a China isolaram o Vale de Hukawng por quase 30 anos – tempo suficiente para que nele se refizesse a maior reserva ecológica daquele país. É claro que o relatório não defende a guerra como forma de equilíbrio ecológico. Ao contrário, ressalta a preservação de matas e espécies em nome da paz.