Quantas vezes você já se flagrou em busca da palavra certa, somente uma entre milhões, para definir um sentimento, uma cena, algo ou alguém? Às vezes, essa palavrinha é estrangeira, mas nem nos damos conta porque ela faz parte do vocabulário cotidiano. Dizemos, por exemplo, que alguém tem savoir-faire, contamos que passamos por uma blitz ou fomos ao shopping e conversamos sobre status quo. O livro Palavras sem fronteiras, do diplomata e historiador Sérgio Corrêa da Costa (870 págs., R$ 85,90) apresenta três mil termos como esses, considerados transgressores porque deixaram de ter nacionalidade já que são falados e escritos da mesma forma em 15 países. Editada na França pelas Éditions du Rocher, em 1999, a obra teve sua primeira versão brasileira há sete anos e está sendo relançada pela Academia Brasileira de Letras (ABL) no evento Mídias convergentes – com vídeos que traduzem em imagens e sons algumas palavras que romperam barreiras linguísticas e culturais.

Segundo o estudioso da Academia Francesa Maurice Druon, termos franceses exprimem, na maioria das vezes, "um sentimento, estado de espírito, disposição, crítica, irritação, suspeita, ironia." Já os ingleses possuem a marcada característica de definir algo, ir direto ao ponto, "preto no branco." Em terceiro lugar, vem o latim (língua considerada morta para muitos), que é raiz de palavras e que possui muitos vocábulos que caíram na boca de diferentes povos, entre os quais habeascorpus e in extremis. Cada verbete é acompanhado de citações literárias ou captadas na imprensa para corroborar o uso supra-idiomático em diversas nacionalidades. Como disse Druon em seu prefácio, "Palavras sem fronteiras é um regalo para o espírito."