Marina Silva, a candidata do PV à Presidência, quer ver o Brasil com uma matriz energética totalmente limpa. Nada de usinas nucleares. Termoelétrica? Nem pensar. Hidrelétrica, apesar de renovável, tem impacto ambiental. E o aborto? Tema a ser discutido, segundo ela, em plebiscito. Particularmente, é contra. O casamento gay? A liberação da maconha? Mais plebiscitos. É para o povo julgar, diz. Será então um governo baseado em decisões plebiscitárias? “O povo precisa ser ouvido.” Marina é assim no seu retrato 3×4. Um modelo bem-acabado, e muito bem articulado, de uma ideologia pura. Cristalina. Ingênua até. Marina, como uma das mais aguerridas defensoras da bandeira do desenvolvimento sustentável, é a utopia possível. E dessa maneira está conquistando parcela considerável de votos entre os novos eleitores. Jovens que acreditam em renovação, universitários em geral que enxergam nela a ideia de um país correto. Ético. Marina quer ir além de mera coadjuvante na corrida às urnas.

Convida todos os brasileiros – empresários e trabalhadores principalmente – a “sonharem mais”. Não se coloca nem à direita nem a esquerda dos demais candidatos. Mas “à frente”. Que não se enxergue aí uma postura presunçosa ou arrogante. Marina se diz advogada da disputa limpa. Pediu à comunidade evangélica, da qual faz parte, para não haver “satanização” de seus rivais. Alfineta quando precisa. Por exemplo, na onda de pré-campanhas que tomou conta de tevês e jornais, diz sem melindres que Dilma e Serra extrapolaram. Nem o presidente Lula foi poupado. “Ele também extrapolou.” Ao antigo correligionário Lula reserva, boa parte das vezes, palavras respeitosas. Critica certas condutas. “O presidente não é educativo quando elogia a falta de estudo.” A plataforma dos sonhos de Marina pode ser lida a partir da página 44, na entrevista que fez com jornalistas e colunistas de ISTOÉ para esta que é a segunda rodada do “Encontro com Editores”.