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 MÁXIMO O lance mínimo da poltrona
de Eileen Gray era R$ 3 milhões.
Foi arrematada por R$ 32 milhões

Não era exagero. Os que diziam que a venda das obras de arte da coleção particular do estilista Yves Saint Laurent seria o leilão do século acertaram. Nunca um conjunto de colecionador arrecadou uma soma de dinheiro tão alta até a quarta-feira 25, no museu Grand Palais, em Paris: R$ 1,1 bilhão. Inicialmente, o valor do acervo que o designer – morto em junho, aos 71 anos – formou em vida com seu companheiro, Pierre Bergé, foi estimado em R$ 900 milhões pela casa de leilões Christie’s. O recorde foi quebrado graças à quantidade de peças (mais de 700), à procedência confiável das obras e à aura dos objetos que pertenceram a um dos maiores gênios do mundo da moda. O evento mostra que não há crise econômica capaz de inibir os amantes da arte. Quando surge a oportunidade de conquistar algo único, o dinheiro aparece.

“Saber que as peças foram escolhidas por Saint Laurent, conhecido pelo bom gosto, é garantia de qualidade artística das obras”, afirma Cândida Sodré, representante da Christie’s no Brasil. “Ele reuniu o que havia de melhor em diferentes períodos da história”, diz. Por isso, a chancela do designer aumentou o valor agregado de cada item em até 30% e os lances ficaram cada vez mais altos. “Arrematar uma obra da coleção do estilista é adquirir ao mesmo tempo um pouco da vida dele, torna os objetos mais especiais ainda”, explica. O investimento compensa. “Uma obra não esfarela na mão do comprador como as ações na bolsa de valores”, diz a empresária Soraia Cals, do Escritório de Arte, no Rio de Janeiro. “Pelo fato de o leilão ser algo imediato, ou ele compra naquele momento ou não compra mais”, afirma. Mas, segundo o administrador Fabio Gallo, professor de finanças da PUC de São Paulo, comprar obras de arte é para quem entende do assunto, pois é um ativo de pouca liquidez. “É para a pessoa que não vai nem pensar em crise diante de um belo acervo”, diz.

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As peças alcançaram preços impressionantes. Duas esculturas de bronze, leiloadas por R$ 94,2 milhões, porém, causaram confusão. A China alega que as peças foram saqueadas por tropas britânicas no Palácio de Verão de Pequim, em 1860. O governo francês afirmou que os chineses deveriam comprar as obras para reavê-las. Bergé não foi nada diplomático em sua resposta: “Estou pronto para devolver as peças. Basta que o governo chinês respeite os direitos humanos, dê liberdade aos tibetanos e aceite o Dalai Lama”, ironizou.

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