CLAUDIO GATTI

SEGURANÇA Misses ficam confinadas antes do concurso

O rosto é angelical. O corpo, monumental – são 57 kg em 1,75 m de altura, 92 cm de quadril, 60 cm de cintura, 90 cm de busto. Mas mineira Natália Guimarães, 22 anos, diz que apenas a exuberância física não seria o bastante para conferir a ela a segunda colocação no Miss Universo, disputado no final de maio no México. A estudante de arquitetura falou a ISTOÉ logo após assistir pela primeira vez ao videoteipe do concurso em que foi superada apenas pela Miss Japão Riyo Mori.

ISTOÉ – Há muita rivalidade entre as misses?
Natália –
Esperava que houvesse mais. É interesse de todas se dar bem, fazer amizades. A Miss China não sabe falar inglês, mas se vira para se comunicar, é uma gracinha. Todo mundo dava uma força para a Miss Líbano, que passa por uma situação difícil. O pai dela está na guerra.

ISTOÉ – Fica intimidada com concorrentes bonitas?
Natália –
É muito difícil comparar porque são belezas muito diferentes. Mas sou muito segura, não deixo ninguém me intimidar. Tenho que confiar em mim porque senão ninguém vai confiar.

ISTOÉ – As misses ficaram um mês no México para o concurso. Há caso das que fogem da concentração, como os jogadores de futebol, para sair à noite?
Natália – É impossível fugir. Na entrada de cada andar há quatro seguranças com computador, e as misses só podem entrar porque estão com as faixas. As próprias chaperonas (mulheres destacadas para cuidar das misses) têm de passar um crachá com código de barras toda vez que entram nos andares. E há câmeras no corredor inteiro.

ISTOÉ – Muita gente achou injusta a vitória da Miss Japão. O resultado dos concursos é influenciado por politicagens?
Natália –
Acho que isso eu não posso falar. Não sei.

ISTOÉ – Você esteve envolvida numa polêmica no concurso Miss Brasil-USA. Seu pai contestou o resultado, achava que você deveria ter vencido. O que aconteceu?
Natália –
Os próprios jurados vieram falar com a gente que não entenderam (o resultado) porque votaram em mim. Já fiz vários concursos na minha vida e nunca tive nenhum problema quanto a isso, nem nesse concurso. Não foi uma coisa que procurei, eles é que vieram falar comigo. Nós pedimos, por escrito, para ver as notas dos jurados, mas já faz três anos, e eles nunca entregaram.

ISTOÉ – Mesmo assim acha que não há manipulação?
Natália –
Ah, não sei.

ISTOÉ – Você fala inglês e espanhol. Isso ajuda nos concursos?
Natália –
Com certeza. Tem muita gente que fala que miss é burra, mas, para uma miss ser selecionada num concurso, precisa falar várias línguas, ter um conhecimento geral. Não posso simplesmente falar que o Brasil é Carnaval e futebol. Não tem como uma miss ser burra.

ISTOÉ – Fica chateada com esse tipo de comentário?
Natália –
Fico, porque muitas misses lutam muito, não é fácil. Tem muito preconceito.

ISTOÉ – O caso da ex-Miss Brasil que trabalhou em uma casa de strip-tease em Londres afeta a imagem das misses?
Natália –
Se isso chegou a afetar, o meu dever é fazer o contrário. Tenho que dar o bom exemplo, mostrar que as misses, sim, devem ter uma postura.

ISTOÉ – Leu O Pequeno Príncipe?
Natália –
Não, nunca li O Pequeno Príncipe. Nunca tive vontade de ler, mas falam tanto nesse livro que comecei a ficar curiosa.