000T_TRPar3270164.jpg
Tripulantes do navio Mavi Marvara, que levava ajuda
humanitária à Faixa de Gaza, filmaram a chegada
dos soldados israelenses em helicópteros

O ataque de comandos israelenses contra a frota internacional que levava ajuda humanitária ao território de Gaza – no qual morreram 19 pessoas – foi alvo de críticas de toda a comunidade internacional.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou estar chocado com o sangrento ataque israelense e pediu ao Estado hebreu que realize uma investigação a fundo sobre o fato. "Estou chocado pelas informações de que há mortos e feridos nos barcos que levavam ajuda a Gaza", declarou Ban a imprensa em Campala, capital de Uganda, onde assiste à abertura de uma conferência sobre a Corte Penal Internacional. "Condeno estas violências. É vital que se realize uma investigação completa", enfatizou.

O Conselho de Segurança da ONU iniciou nesta segunda-feira uma reunião de emergência depois do violento ataque israelense em águas internacionais contra a frota humanitária que se dirigia para Gaza. A reunião começou com uma breve sessão de consultas a portas fechadas e deve ser seguida por um debate público.

Israel "perdeu toda a legitimidade internacional" após seu ataque contra uma frota humanitária pró-palestina em águas internacionais, disse na ONU o chanceler turco Ahmet Davutoglu.

"Isto é homicídio cometido por um Estado", afirmou Davutoglu em reunião pública do Conselho de Segurança da ONU. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Turquia, país de onde saíram os barcos com a ajuda humanitária para os palestinos, o ataque "não tem justificativa alguma".

"Um Estado que cometeu esses crimes perdeu toda a legitimidade ante a comunidade internacional", acrescentou o representante turco.

Brasil – O Brasil pediu nesta segunda-feira na ONU o levantamento do bloqueio israelense contra Gaza, após um ataque de Israel contra uma frota que tentava levar ajuda humanitária aos palestinos. O Brasil recebeu "com consternação" a notícia do ataque israelense que deixou uma dezena de mortos, disse a representante brasileira na ONU, Maria Luiza Ribeiro, em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.

A representante brasileira disse que seu governo tenta verificar informações preliminares, segundo as quais havia cidadãos brasileiros em algum dos barcos que integravam a frota atacada por Israel. Uma amiga da brasileira Iara Lee enviou nesta segunda-feira uma carta ao Itamaraty em que solicita o apoio do governo brasileiro na busca por informações sobre a cineasta, que havia decidido participar da frota de ajuda humanitária a Gaza atacada pelo exército israelense.

Lee teria relatado por telefone a colegas no Brasil, na noite de domingo, que as embarcações já estavam cercadas e que o clima era "de medo" entre as pessoas a bordo. A cineasta vinha utilizando o Facebook para fazer comentários sobre a viagem e, algumas vezes, usava um celular via satélite.

EUA – Os Estados Unidos lamentaram o ocorrido. "Os Estados Unidos lamentam profundamente a perda de vidas humanas e o saldo de feridos, e atualmente tentam entender as circunstâncias nas quais aconteceu a tragédia", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, em um comunicado. A ação violenta aconteceu na véspera de um encontro em Washington entre o presidente americano Barack Obama e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

O presidente Barack Obama disse ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu que é importante descobrir o mais rápido possível todos os fatos relativos ao violento ataque das forças israelenses contra a frota internacional humanitária de ajuda aos palestinos.

Os dois líderes falarm por telefone quando Netanyahu cancelou sua visita a Washington, prevista para esta terça-feira, para voltar a Israel para lidar com a crise desatada depois do ataque contra a frota pró-palestina que se dirigia a Gaza.

O presidente francês Nicolas Sarkozy censurou o uso desproporcional da força contra a frota humanitária em Gaza e exigiu que esta tragédia seja esclarecida. "Toda a luz deve ser lançada sobre as circunstâncias desta tragédia, que enfatiza a urgência de reativar o processo de paz israelense-palestino", afirmou o chefe de Estado francês. O ministério das Relações Exteriores convocou o embaixador de Israel em Paris, Daniel Shek, para pedir explicações sobre o ocorrido.

Em Londres, o ministro das Relações Exteriores, William Hague, pediu ao Estado hebreu que ponha fim às "inaceitáveis e contraproducentes restrições impostas às ajudas encaminhadas ao território palestino". "Há uma clara necessidade de que Israel atue com moderação e de acordo com as normas internacionais", declarou.

000T_TRPar3270170.jpg
Tropas de Israel também atacaram
o comboio internacional pelo mar

A Turquia, por sua vez, chamou para consultas seu embaixador em Israel. O vice-primeiro-ministro turco, Bulent Arinc, confirmou que a Turquia pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e anunciou ter ordenado também que os preparativos para as manobras militares conjuntas com Israel fossem anulados.

Já a Alemanha – país que raramente critica Israel -comentou que a letal intervenção israelense contra um comboio pró-palestino é, "à primeira vista, de caráter desproporcional", segundo o porta-voz do governo, Ulrich Wilhelm. "Os governos da Alemanha sempre reconheceram o direito de defesa de Israel, mas este direito deve acontecer dentro de uma resposta proporcional", disse Wilhelm em uma entrevista coletiva.

O presidente palestino Mahmud Abbas qualificou a ação de massacre e decretou três dias de luto. "Teremos que tomar algumas decisões difíceis esta tarde", disse uma fonte do gabinete palestino, mas sem revelar quais as medidas. A Autoridade Palestina também pediu uma reunião de urgência ao Conselho de Segurança da ONU para "debater a pirataria, o crime e o massacre israelense", nas palavras do principal negociador palestino, Saeb Erakat.

000T_TRNic463465.jpg
Segundo vídeo divulgado por autoridades israelenses,
os tripulantes dos navios de ajuda humanitária teriam atacado antes os soldados de Israel

 

Por fim, o inimigo declarado de Israel, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, denunciou o ataque do Exército israelense como "um ato desumano do regime sionista", informou a agência oficial Irna. "O ato desumano do regime sionista contra o povo palestino e o fato de impedir que a ajuda humanitária destinada à população chegasse a Gaza não é um sinal de força, e sim de fragilidade deste regime", declarou Ahmadinejad. "Tudo isto mostra que o fim deste sinistro regime fantoche está mais perto do que nunca", completou.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que as forças israelenses que atacaram um comboio humanitário internacional agiram para defender a própria vida. Ele também lamentou a perda de vidas humanas no ataque.