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Há tempos os termos iPod, iMac e iPhone fazem parte do vocabulário e dos sonhos de consumo de boa parte da humanidade. Mas uma prática pegou de surpresa os executivos da Apple na semana passada. A consagrada família de produtos, sinônimo de altíssima tecnologia e design de ponta, ganhou um indesejado filho bastardo, sorrateiramente batizado de iDon’t (ou "eu não"). Não se trata de mais uma traquitana eletrônica de última geração, e sim do mote da agressiva campanha de lançamento do Droid, smartphone criado pela Motorola em parceria com o Google e a Verizon, maior operadora de telefonia móvel dos EUA. Usando a mesma tipologia das peças publicitárias do iPhone, os anúncios listam aquilo que o tudo-em-um da empresa de Steve Jobs ainda não é capaz de entregar: "Eu não faço fotos no escuro. Eu não tenho uma bateria removível. Eu não tenho teclado. Eu não tenho uma câmera de cinco megapixels." E por aí vai (compare os aparelhos em detalhes no quadro acima).

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A NOVIDADE O sistema operacional criado pelo Google é o maior trunfo do novo smartphone da Motorola

Ótimas tiradas de marketing à parte, o início das vendas do Droid, na sexta-feira 6 – que, segundo a Motorola do Brasil, deverá se chamar Milestone fora dos EUA – promete balançar o mercado americano, o terceiro no ranking mundial, com mais de 280 milhões de linhas em uso. Desde o lançamento da sua primeira versão, em junho de 2007, o iPhone reina absoluto entre os smartphones. Dados divulgados pela Apple revelam que 30 milhões de unidades foram comercializadas em todo o planeta até junho deste ano. Vendido com exclusividade nos EUA pela operadora AT&T, ele foi alçado à condição de ícone e rapidamente tornou-se um símbolo de status.

Do ponto de vista tecnológico, dois trunfos qualificam o Droid a entrar com força na briga contra o iPhone. Primeiro, a diferença brutal na qualidade de sinal e na velocidade de navegação na internet entre AT&T e Verizon. Desde os seus primórdios, a Apple recebe críticas pesadas graças à parceria firmada com uma operadora notoriamente fraca em sua estrutura de telefonia celular. David Pogue, colunista do jornal "The New York Times" e considerado um guru tech pela comunidade geek, ganhou os holofotes com sua resenha da primeira versão do aparelho. Pogue cronometrou o tempo que a página inicial de seu jornal levou para ser carregada na tela do telefone: intermináveis 55 segundos. "Quase implorei por uma conexão discada", disse o colunista. Já o jornalista especializado Michael Arrington, do site TechCrunch e um dos primeiros a ter um Droid em mãos para testes, foi taxativo:

"Estamos diante do smartphone mais rápido do mercado."

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O segundo quesito decisivo na disputa é o sistema operacional – e aí a inteligência por trás da marca Google pode ser o fiel da balança. Enquanto o smartphone da Apple utiliza tecnologia e softwares da própria marca, o novo celular da Motorola roda a versão 2.0 do tão comentado Android (não confundir com o nome do novo celular), sistema criado pelos cérebros da empresa de Sergey Brin e Larry Page. O mesmo Michael Arrington trata do assunto: "O novo aparelho da Motorola é o maior garoto-propaganda do Android, já que a segunda versão do sistema traz upgrades significativos", diz ele. Entre as maiores novidades do cardápio, há um sistema de GPS baseado no consagrado Google Maps.

Resta, no entanto, uma pergunta: quando e como o Droid chegará ao Brasil? Isto é conversou com as quatro maiores operadoras de telefonia celular do País. Claro, Tim e Oi disseram que ainda não têm planos de lançar o aparelho no mercado brasileiro. Já a Vivo afirmou que deverá apresentar o novo smartphone até o final do ano. Além de informar a troca no nome do telefone – por aqui, ele também deverá ser chamado de Milestone -, Loredana Mariotto, diretora de marketing da Motorola do Brasil, entrega mais um segredo: "O preço sugerido será de R$ 1.999." Mais uma semelhança nada casual com seu concorrente.

Colaborou: Jaqueline Mendes

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REPLAY? Compradores fizeram fila à espera do iPhone. Resta saber se o Droid será um fenômeno parecido