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Ufa! Depois de 11 meses de idas e vindas, o botão foi apertado. Na quinta-feira 29, o presidente Lula assinou decreto confirmando o modelo japonês como o padrão da TV digital brasileira. A partir de agora, começa uma corrida contra o tempo para tirar o projeto do papel e levá-lo para as salas dos brasileiros. Os testes vão começar por São Paulo. Depois será a vez do Rio de Janeiro e das demais capitais. A meta é levar o sinal digital a todo o País, incluindo os rincões, até 2013. Essa é a mais importante revolução tecnológica brasileira nos últimos 15 anos: sai de cena a tevê convencional, analógica, e entra um padrão com qualidade de cinema. Além de outras novidades. Por exemplo: num jogo de futebol, o espectador poderá escolher o ângulo da câmera, pedir a repetição de jogadas e acessar os números da partida. “A TV digital vai revolucionar não apenas a tevê brasileira, mas a relação da sociedade com a informação”, festejou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do ministro das Comunicações do Japão, Heizo Takenaka.

Ao assinar o decreto, Lula pôs um ponto final numa acirrada batalha, que envolveu lobby pesado na Esplanada dos Ministérios. De um lado estava o padrão japonês, defendido incansavelmente pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. Era a opção, também, da fatia mais poderosa dos empresários de comunicação do País. Principalmente da Rede Globo, que chegou a instalar aparelhos digitais no Palácio da Alvorada, onde mora o presidente, e nas residências oficiais do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Corriam por fora os padrões europeu e americano. A briga foi dura. O Planalto avaliou que em ano eleitoral era melhor não desafiar a vontade das companhias de tevê.

Nos últimos tempos, Hélio Costa não fazia outra coisa que não brigar pelo modelo japonês. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, era um dos que queriam o modelo europeu. Por conta da guerra de lobbies, por mais de uma vez o governo chegou a marcar – e depois cancelar – o anúncio da decisão. Agora que venceu a briga, Hélio Costa já pensa até em abandonar o barco. Publicamente, ele sempre defendeu sua posição com o argumento de que o modelo japonês é tecnicamente superior. Como contrapartida à escolha, os japoneses prometeram ao governo instalar fábricas no Brasil e investir na indústria nacional. Há quem aposte que, agora que a decisão está tomada, o compromisso pode não se concretizar. É esperar para ver.

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