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O poderoso general francês Napoleão Bonaparte comandou exércitos e dominou um império, mas nunca conseguiu ter controle sobre a sua amada esposa, Josephine, para quem redigia cartas em que cobrava notícias e manifestava irritação pela “infinita indiferença” da companheira.

O cientista Charles Darwin, sempre metódico, listava em sua correspondência à namorada, Emma Wedgwood, os prós e contras de um possível casamento. Entre as vantagens, escreveu que o cônjuge é um “objeto para amar, bem melhor que um cão.” “Menos conversas inteligentes no clube” estava entre as desvantagens. O extravagante compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart assinava as cartas que enviava a sua esposa, Constanze, com o prosaico pseudônimo Plumpi-Strumpi – apelido íntimo adotado pelo casal. Essas indiscrições românticas de dezenas de homens públicos famosos foram organizadas pela pesquisadora inglesa Ursula Doyle no livro “Cartas de Amor de Homens Notáveis” (Editora BestSeller).

Entre os autores dessa publicação epistolar estão reis, escritores, cientistas, músicos, militares e poetas. E quase todos eles revelam-se amantes passionais em seus prolíficos elogios, súplicas e declarações amorosas a suas respectivas musas. Em seu livro, Ursula reúne cartas de personalidades que viveram entre os anos 61 d.C. e 1918, como o rei britânico Henrique VIII, o filósofo David Hume, os escritores Gustave Flaubert, Victor Hugo e Oscar Wilde, os poetas John Keats e Lord Byron e os cientistas Pierre Curie e Charles Darwin. Trechos de algumas correspondências sinalizam para a biografia de seu autor, como no caso do grande estrategista militar Napoleão, a quem agradam as metáforas geográficas. “Se estou me afastando de ti à velocidade da corrente do Ródano, é somente para poder tornar a ver-te mais cedo”, ou, então: “Espero logo poder apertar-te em meus braços e fazer chover sobre ti um milhão de beijos ardentes como as chuvas abaixo do Equador.”

O poeta britânico Lord Byron foi amante de algumas mulheres casadas, pertencentes à alta sociedade. Essa particularidade, somada aos seus versos extravagantes para a época, lhe rendeu a fama de homem de vida “dissoluta e amoral”. Por isso, em 1924, autoridades britânicas negaram ao poeta um memorial em sua homenagem na Abadia de Westminster, em Londres.

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O livro traz duas cartas de Byron, uma dirigida a uma condessa e outra a Lady Caroline Lamb – ambas casadas. Com Caroline ele teve um tumultuado relacionamento que se tornou famoso depois que ela tentou o suicídio cortando os pulsos com cacos de vidro numa festa. Ao escrever para Caroline, Byron tenta entender o que levou a amada a uma atitude tão extrema. Já o compositor Ludwig von Beethoven mostra-se um dos mais sentimentais e improvisa versos de amor. “Tão perto! Tão distante! Nosso amor não é uma edificação celeste, mas é tão firme quanto a fortaleza do céu.” Nenhum dos missivistas, contudo, é tão contundente e direto em suas súplicas quanto o citado Napoleão. Ele escreve que, mesmo quando está à frente do Exército ou inspecionando campos de guerra, “minha amada Josephine domina meu coração e minha mente”. E na maior parte das vezes, quando viaja para encontrá-la, ela não está: “Chego a Milão, precipito-me para teu ‘appartement’, abandonei tudo para te ver, e não estavas lá; corres para as cidades onde há festejos; tu me deixas quando chego, não te interessas mais por teu querido Napoleão.” Do alto de suas conquistas, é sempre um carente que implora os cuidados da amada.


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