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Mais que simplicidade, Zilvinas Kempinas preza pelo mínimo, mas não no sentido do “menos”, já que as leituras conceituais permitidas por seus trabalhos são vastas e não necessariamente complicadas. São instalações? Esculturas? Tentar classificar a produção do artista lituano é, de certa forma, uma celeuma inócua entre aqueles que pensam a produção artística contemporânea em termos de suporte ou estilo. “Existem “coisas” que estão sempre entre as fronteiras convencionais e, por isso, eu as acho mais interessantes”, diz o artista. Enquanto alguns críticos tentam referenciar sua obra se apoiando em gêneros artísticos, como a op art ou o minimalismo, sua maior virtude está na simplicidade da escolha do material de trabalho: a fita magnética.

O artista cria estruturas que utilizam essas fitas, hoje superadas pelo suporte digital, elaborando situações poéticas e altamente lúdicas, que levam o observador a uma experiência sensorial que não se limita à ilusão de ótica, mas beira a imersão corporal. Esse é o caso da instalação “Tube” (foto), criada para a Bienal de Veneza, em 2009. Originalmente, a instalação, um túnel de 26 metros feito de fitas magnéticas, ocupou a Scuola Grande della Misericordia in Cannargio, um edifício abandonado do século XVI, em Veneza. Pela primeira vez no Brasil, na Galeria Leme, o artista adaptou a obra para o espaço projetado por Paulo Mendes da Rocha. Mesmo em três metros de túnel, o efeito criado pelas fitas alinhadas cria a sensação de uma longa passagem e proporciona a visão de uma aura luminosa que aumenta, à medida que nos aproximamos do fim do percurso.

Com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, a exposição conta, além de “Tube”, com outras cinco obras, também com a fita magnética em sua composição, como “Lemniscate”, de 2008, em que o artista faz uma releitura da fita de Moebius. Para isso, a fita magnética ganha a forma do símbolo do infinito e flutua suspensa na parede com a força do vento produzido por dois ventiladores. A única exceção à regra é “Suspense”, feita de bolinhas de gude.

ZILVINAS KEMPINAS/ Galeria Leme -São Paulo até 19/06

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