O Festival de Cinema de Cannes estende nesta terça-feira (17) seu tapete vermelho para celebrar seu 75º aniversário, com o americano Forest Whitaker como o primeiro astro convidado e um filme de zumbis para abrir o evento.

O maior festival de cinema do mundo está de volta com desejo de diversão e de deixar as restrições sanitárias para trás, mas sem esquecer a tragédia na Ucrânia, país que terá várias oportunidades de levantar a voz.

Tom Cruise subirá mais uma vez as escadas de Cannes de volta ao papel de piloto em “Top Gun: Maverick”, um filme emblemático da década de 1980, o diretor Baz Luhrman revelará sua visão do rei do rock’n’roll com “Elvis” e David Cronenberg deliciará os fãs do cinema sangrento com “Crimes of the future”.

Os 21 filmes selecionados para diisputar a Palma de Ouro são o reflexo de um equilíbrio entre cinema comercial e cinema autoral.

Um equilíbrio muito menos óbvio em termos de paridade, com apenas cinco diretoras competindo pelo prêmio, um recorde para Cannes de qualquer maneira.

“As instâncias do Festival, suas equipes, o júri… tudo é paritário”, defendeu-se na segunda-feira o delegado-geral do festival, Thierry Frambux.

O júri, presidido pelo ator francês Vincent Landon, entregará a Palma de Ouro em 28 de maio.

– Whitaker, Palma de Ouro honoráriaro honorífica –

O ator afro-americano vencedor do Oscar Forest Whitaker receberá uma Palma de Ouro honorária aos 60 anos.

Protagonista de filmes emblemáticos como “O Último Rei da Escócia” ou “Bird” (com o qual ganhou o prêmio de melhor atuação no Festival de 1988), Whitaker receberá o prêmio após a cerimônia de abertura, marcada para as 19h (14h00 de Brasília).

O filme “Corten!”, do francês Michel Hazanavicius, sobre zumbis, mas com um tom humorístico, abrirá a festa.

Quarta-feira será a hora de decolar com “Top Gun: Maverick”, sequência de um filme de grande sucesso e que teve o lançamento adiado devido à covid-19.

Cruise, que interpretou um piloto da Força Aérea dos EUA na primeira parte (1986), retorna ao seu papel de personagem rebelde.

Então começará a festa do cinema internacional.

Do russo Kirill Serebrennikov à francesa Claire Denis, passando pelos veteranos irmãos belgas Dardenne, ou o espanhol Albert Serra – o único representante do cinema ibero-americano na corrida pela Palma de Ouro -, o evento dará voz aos criadores mais singulares.

O sul-coreano Park Chan-Wook compete ao lado do japonês Hirokazu Kore-eda, assim como do americano James Gray.

O ator americano Tom Hanks interpreta o empresário de Elvis Presley, Viggo Mortensen um artista que se deixa ser aberto até as tripas na companhia de Léa Seydoux e Kristen Stewart e o ator britânico Anthony Hopkins interpreta um magnata em Nova York na década de 1970.

Também estará presente o ator espanhol Javier Bardem, que participará de um encontro com o público.

Todos devem percorrer o famoso tapete vermelho, ao lado de cineastas, produtores, estrelas da música e até figuras de destaque das redes sociais.

– Aproximar-se do público jovem –

Cannes anunciou novos parceiros para seus eventos mais glamourosos e conversas com diretores e atores.

Entre os parceiros está o aplicativo chinês TikTok, que está na moda em todo o mundo. A ideia é se aproximar de um público jovem, que prefere usar o celular para filmar e ser filmado.

Cannes também abre suas portas aos criadores ucranianos, uma forma de mostrar sua solidariedade com o país em guerra.

O diretor lituano Mantas Kvedaravicius foi morto por tiros russos no mês passado na Ucrânia. Seu filme “Mariupolis 2”, sobre a cidade martirizada, terá sua estreia póstuma em Cannes.

O festival conta com um grande mercado cinematográfico, que celebrará um dia especialmente dedicado a este país.

O diretor ucraniano Serguei Loznitsa apresentará “The natural history of destruction”, sobre os bombardeio aliado às cidades alemãs durante a Segunda Guerra Mundial.

E do lado ibero-americano haverá, sobretudo, a participação de jovens, como a espanhola Elena López Riera (“El agua”), os colombianos Andrés Ramírez Pulido (“La jauría”) e Fabián Hernández ( “Um homem”) e a chilena Manuela Martelli (“1976”).