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Desde o surgimento dos primeiros tratamentos de reprodução assistida, há 28 anos, mais de três milhões de bebês nasceram com a ajuda dessas técnicas. E a tendência é de que esse número aumente cada vez mais. São grandes os esforços para aprimorar procedimentos que auxiliem os casais a ter um filho. Entre as principais buscas estão os métodos para ajudar a escolher com precisão os embriões com melhores chances de se desenvolver no útero. O mais novo recurso para isso é um exame lançado há dois meses no Brasil. Ele localiza uma proteína, a HLA-G, no embrião antes de ele ser implantado no útero. Se ela não for encontrada, há boas chances de o útero rejeitar a novidade. A paciente Adriana Benguelli, 36 anos, beneficiou-se do procedimento. “Engravidei após cinco anos”, comemora. Seu médico, Roger Abdelmassih, de São Paulo, submeteu os embriões a essa prova. “A proteína está associada de fato a índices de sucesso maiores”, explica ele.

No Centro de Pesquisa Básica, mantido pelo especialista em sua clínica, há também um estudo para desenvolver uma terapia com células-tronco que regenere tecidos dos ovários e dos testículos para formar óvulos e espermatozóides de boa qualidade. Os primeiros resultados positivos, em ratos, foram apresentados no congresso da especialidade, realizado semanas atrás na República Tcheca. Outro trabalho brasileiro de destaque no encontro foi uma pesquisa sobre a utilidade de dar à mulher o hormônio gonadotrofina coriônica antes de colher os óvulos a serem usados na fertilização in vitro. “Conseguimos óvulos de melhor qualidade”, diz Isaac Yadid, da Clínica Huntington, do Rio de Janeiro.

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Mais uma frente de estudos investiga como melhorar a qualidade dos espermatozóides. Um exame recém-chegado ao País identifica, no material
genético desses gametas, alterações que comprometem a fertilidade. O nome é complicado – Teste de Fragmentação do DNA Espermático –, mas os resultados são obtidos com facilidade. O candidato a pai fornece uma amostra de esperma, que recebe corantes especiais. Em uma hora, ao custo aproximado de R$ 300, é possível conhecer os gametas por dentro. Se mais de 30% dos espermatozóides apresentarem DNA alterado, as chances de o homem gerar um bebê são baixas.
“O exame tem sido mais útil para confirmar diagnósticos”, diz o especialista Sidney Glina. A técnica começa a ser usada nas situações em que não se tem explicação aparente para as falhas no tratamento. No Rio, o engenheiro Carlos Fernandez fez a prova e descobriu que a baixa qualidade do DNA de seu sêmen pode estar entre as razões do insucesso até agora. “Estou tomando vitaminas e minerais antioxidantes para proteger as células reprodutivas de danos causados pela poluição e tabagismo”, conta. Segundo o médico Luiz Fernando Dale, os antioxidantes melhoram a qualidade dos gametas. Usar o talento dos cientistas para garantir vida é sempre melhor.