Dois anos atrás, foram necessários apenas 20 dias para que todas as 13 mil caixas produzidas com a safra 1999 do Lote 43 fossem vendidas. Em 2000 e em 2001, condições climáticas adversas comprometeram a qualidade da lavoura, e a Miolo decidiu não fabricá-lo. A sorte virou em 2002 e os índices excelentes de maturação e açúcar garantiram uma nova tiragem de 80 mil garrafas. Presença obrigatória na lista dos preferidos dos enófilos (conhecedores de vinho), o Lote 43, elaborado com uvas merlot e cabernet sauvignon e envelhecido por três anos (um deles em tonéis de carvalho), será lançado nos dias 13 e 14, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O astro dos eventos será o enólogo francês Michel Rolland, consultor da vinícola gaúcha. Criticado por introduzir inovações tecnológicas nas vinícolas, Rolland foi um dos primeiros a apostar no chamado novo mundo do vinho e ajudou o Chile, a Argentina e os Estados Unidos a desenvolver excelentes safras. Virou vilão no filme Mondovino, de Jonathan Nossiter, sob a acusação de promover a massificação do vinho. Para Rolland, é medo da concorrência. “Das 100 vinícolas que assessoro, 80 estão em Bordeaux, na França. No entanto, riram de mim quando contei que estava prestando consultoria à Índia. Os franceses não acreditam que a Índia possa produzir bons vinhos.”

No Brasil, o Lote 43 é o melhor exemplo dessa “enoglobalização”. O nome do vinho homenageia o primeiro pedaço de terra cultivado pela família Miolo
um século atrás. Seu maior diferencial, além do sabor,
é a venda restrita à internet. “As caixas são vendidas
em nosso site. Apenas uma por CPF. Metade delas
está reservada”, conta o enólogo Adriano Miolo.
Estima-se que a safra se esgote em menos de um
mês. Depois disso, só comprando de cambistas por
pelo menos R$ 120 a garrafa.


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