Liderados pelos dois episódios de Homem-Aranha, que juntos arrecadaram mais de US$ 1,5 bilhão, os quadrinhos tomaram de assalto as telas. Para que se tenha uma idéia do que isso significa, o megacampeão Titanic empacou nos US$ 1,85 bilhão arrecadado. E, obedecendo a um ritmo alucinante, logo após Batman begins, de Christopher Nolan, vem aí Quarteto Fantástico (Fantastic four, Estados Unidos, 2005), com estréia mundial na quinta-feira 7. Para aficionados, trata-se contudo de apenas um aquecimento para a chegada de Sin city, dirigido por Robert Rodriguez, Frank Miller e Quentin Tarantino, prometido para o dia 29 de julho.

Coisa de louco. Mas nem o maluquíssimo Coringa poderia prever a reviravolta sofrida pelo gosto médio americano – e mundial – após a tragédia do 11 de setembro. Quando todos esperavam uma volta aos filmes pacíficos, o primeiro Homem-Aranha estourou nas bilheterias, motivando a produção de mais e mais
tiros e explosões. Nada de novo, já que os quadrinhos sempre forneceram matéria-prima para o cinema. O primeiro boom dos super-heróis se deu nos anos 1960,
nas asas da cultura pop de Roy Litchenstein. O Batman da televisão era cheio de cartazes onomatopaicos e, embora tenha escandalizado os mais puristas, fez
muito sucesso e tornou-se cult, só chegando reformado às telonas na virada dos anos 90. A exemplo do Super-Homem, que deverá voltar no próximo ano, o homem-morcego pertence à DC Comics, editora que, ao lado da Marvel Comics, detém
70% do mercado mundial.

Segundo o cineasta e quadrinista Kevin Smith, de O balconista e Dogma, a DC tem como modelo “a tragédia grega”, enquanto a Marvel segue o tema “a ciência errou”. Jorge Rodrigues, gerente da Comix Book Shop paulistana, vai mais longe. Para ele, o fato de a DC pertencer ao conglomerado Warner tolheu-lhe os movimentos. Negociando livremente, a Marvel ofereceu para todo lado os seus heróis – a empresa tem pelo menos 4.700 personagens aproveitáveis. Em sua maioria, são pessoas comuns que sofreram algum tipo de mutação genética, paranóia típica dos anos 70, período em que foram criados. Caso de Hulk, os X-Men, o Homem-Aranha e agora o Quarteto Fantástico. Outra peculiaridade é que chegaram às telas depois de George Lucas ter revolucionado a produção, graças aos efeitos especiais dos quais o “HQ-movie” (filme baseado em quadrinhos) se beneficiou à exaustão.

Em Quarteto Fantástico, um grupo de
cientistas é envolvido por nuvens de radiação cósmica. O inventor Reed Richards (Ioan Gruffudd) é transformado no Sr. Fantástico (Homem Elástico); o piloto Johnny Storm (Chris Evans) no Tocha humana; o astronauta Ben Grimm (Michael Chiklis) em O Coisa; e a pesquisadora Sue Storm (Jessica Alba) na Mulher Invisível. E logo saem por aí cometendo suas façanhas. Como sempre, o veterano Stan Lee, principal criador da Marvel, faz à Hitchcock uma pequena aparição e o filme não decepciona no quesito efeitos especiais – o custo total não foi revelado, mas seguramente ultrapassou os US$ 100 milhões. Jessica, revelada no seriado de televisão Dark angel, de James Cameron, também é uma das estrelas do esperado Sin city, no qual encarna a stripper Nancy, sempre munida de uma corda de vaqueiro. Como diz Jorge Rodrigues, agora os heróis dos quadrinhos são conhecidos pelo cinema e pelo DVD. Gibi virou coisa de aficionado.


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