Nada como fugir do mar de lama
que assola o Brasil, indo ao mar
de águas translúcidas do Caribe, se possível, a bordo de uma feérica
cidade flutuante de 138.276 toneladas, 15 andares e 311 metros de comprimento, avaliada em US$ 500 milhões. Quando parte do porto de Miami com destino de uma semana a três ilhas do chamado Caribe Leste, que inclui Bahamas, o Navigator of the Seas – uma das jóias da Royal Caribbean três vezes maior que o Titanic –, a promessa é de uma estadia regada a comodidade extrema – que implica não ter que arrumar ou desarrumar malas a cada parada – comida farta e disponível, programação incessante para crianças, jovens e adultos comparável à dos melhores resorts do mundo. Aos pais, por exemplo, basta controlar os passos dos filhos com walkie-talkies e relaxar. Junto com três mil passageiros de 42 nacionalidades – embora de maioria americana – eles têm a sensação de que o mundo real ficou para trás na hora que o apito dispara.

Destino de férias de oito milhões de turistas por ano no mundo, os brasileiros começam a considerar o cruzeiro como uma opção razoável (mais cruzeiro na pág. 76). Da temporada do verão passado para esta, a procura aumentou em torno em 30%. No Navigator of the Seas, tamanho luxo e variedade – cassino, spa, ginástica, restaurantes finos, parede de escalada, patinação no gelo – custam a partir de US$ 1.300 (cerca de R$ 3 mil) por passageiro, com a viagem área até Miami parcelada em três vezes. Não é lá uma exorbitância, lembrando que shows, com musicais num teatro inspirado no Scala de Milão, e as refeições são grátis. O custo elevado fica por conta das bebidas alcoólicas. A oferta seduz 130 mil brasileiros por ano, considerando os cruzeiros, por águas nacionais, boa fonte de iniciação. Cerca de 20 mil brasileiros aderem aos cruzeiros internacionais. Fazem parte desse contingente a alegre família comandada pela matriarca Heleny Guimarães, que comemorava a bordo seus 82 anos no dia 21 de junho. Eram 12 os convidados, entre filhos, genros, noras e netos e bisnetos, que se divertiam entre baforadas de charutos ou mergulhos em torno de um galeão holandês de 1801, afundado nas águas de Saint Maarten, ilha metade francesa e metade holandesa.