chamada.jpg
VANGUARDA
As formas do Stobhill Hospital, na Escócia,
mereceram prêmio de design

Há um consenso entre os estudiosos de que a saúde pode ser proporcionada por fatores que vão além de uma boa alimentação ou de uma rotina correta de exercícios, por exemplo. O contato com a natureza e a manutenção de uma rede de amigos estão entre estes outros componentes. Agora, esta lista está ganhando um reforço: os ambientes de hospitais e clínicas. Quanto mais bonitos, funcionais e acolhedores, maiores as possibilidades de os pacientes se recuperarem melhor. Isto está se tornando tão evidente que começa a impulsionar o crescimento de uma área da arquitetura voltada especificamente para a criação desses espaços, já batizada de arquitetura da saúde.

Hoje, é impensável iniciar o desenvolvimento de um projeto de hospital ou clínica sem procurar contemplar pelo menos alguns dos pilares estabelecidos pelos arquitetos da saúde. Entre os mais importantes, estão locais que sejam banhados por muita luz natural e que tenham vista para a natureza – incluem-se aí salas de recepção, de exames e procedimentos e quartos de internação. Além disso, é preciso que apresentem equipamentos que garantam segurança, como pisos antiderrapantes, e que tenham uma disposição, de móveis à sinalização, que permita o fluxo de pessoas mais facilmente. Tudo para garantir que o atendimento ocorra com o mínimo de stress possível tanto para os doentes quanto para os profissionais de saúde. “Isso é muito importante. Sabemos que um bom design pode ter um papel de peso na redução de infecções hospitalares, de erros médicos e de quedas de pacientes”, disse à ISTOÉ Xiaobo Quan, pesquisador associado do Centro para o Design da Saúde, instituição americana voltada ao estudo do assunto.

img3.jpg
AR LIVRE
No São Camilo, em SP, doente pode ir à sacada

Um dos melhores exemplos de edificação erguida sob esses parâmetros é o Stobhill Hospital, na Escócia. Inaugurada no início deste ano, a instituição ganhou o prêmio de design do Reino Unido como melhor prédio novo construído fora de Londres, na Inglaterra. “As salas de espera são amplas e têm uma proteção acústica que assegura um ambiente silencioso”, explicou à ISTOÉ o arquiteto Andy Law, do Reiach and Hall Architets, responsável pelo projeto. “E não há aparelhos de tevê nesses locais. Isso porque queríamos criar uma atmosfera na qual as pessoas se sentissem amparadas e não onde fossem impelidas a esquecer os seus problemas, como se eles não existissem.”
os Estados Unidos, a preocupação dos arquitetos vinculados ao projeto do Massachusetts State Psychiatric Hospital – em construção – foi criar algo que se parecesse mais com uma pequena vila do que com um hospital. O motivo é que a instituição deverá abrigar portadores de doenças mentais, um tipo de paciente que normalmente passa por internações mais longas. “Criamos um pequeno mundo, com casas, vizinhança e um centrinho”, disse à ISTOÉ o arquiteto Francis Pitts.

img2.jpg
DIFERENTE
O formato do berço de UTI lembra um canguru

No Brasil, o design da saúde começa a se expandir. Neste ano, ocorrerá o primeiro concurso para premiar os edifícios exemplares. “Pensar na arquitetura, nas cores, entre outras coisas, é uma forma de humanizar o tratamento”, diz Celso Skrabe, presidente da Associação Brasileira de Marketing em Saúde, entidade promotora do concurso. Em São Paulo, uma das instituições atentas a essa questão é o Hospital São Camilo. Em um novo bloco, os quartos são mais iluminados e têm janelas amplas. Em outro, um pouco mais antigo, os apartamentos têm varanda. “Dessa maneira, o paciente não fica apenas em um ambiente fechado, fora do mundo”, explica Abgair Xavier Lima, diretora de serviços de apoio de infraestrutura do hospital. No Rio de Janeiro, no Hospital Copa D’Or a preocupação com o design também ganha força. “Nossos principais pontos de atenção, neste sentido, são a segurança do paciente, a criação de ambientes agradáveis e funcionais para doentes e profissionais, o uso de materiais e acabamentos que permitam perfeita higienização e manutenção e uma iluminação funcional”, diz Marcos Milliet, gestor de espaços da instituição.

Até mesmo os equipamentos começam a receber toques de design. Exemplo disso é o berço-canguru, fabricado pela Fanem, de São Paulo. “Ele não tem um formato tão frio como os outros berços”, diz Marlene Schmidt, diretora da companhia. “Além disso, assegura conforto e segurança para o bebê.”

img1.jpg