Destaque da nova geração de atores globais, Priscila Fantin está de volta à novela das seis como a índia mestiça Serena, jovem romântica de Alma gêmea, passada nos anos 40. Essa não é a primeira vez que a atriz entra no túnel do tempo folhetinesco. Como a espevitada Olga de Chocolate com pimenta, ela respirou ares da longínqua década de 20. Em Esperança, na pele da italiana Maria, vestiu modelitos anos 30, indo ainda mais longe, mais especificamente ao início do século passado, para interpretar a ingênua Luiza, da minissérie Mad Maria. Pode-se dizer que Priscila faz parte de um dream team que todos os autores de novelas ou minisséries de época, como Walcyr Carrasco, Benedito Ruy Barbosa ou Maria Adelaide Amaral, querem em suas produções. Time que ostenta na primeira fila as belas Ana Paula Arósio, Mariana Ximenes e Maria Fernanda Cândido.

Produções do gênero sempre mereceram atenção especial da direção da Rede Globo. É quando a emissora ostenta o famoso “padrão Globo de qualidade”, alçando suas protagonistas ao estrelato. Caso de Ana Paula Arósio. Em 1998, aos 23 anos, a atriz paulista foi contratada pela Globo para viver a protagonista da minissérie Hilda Furacão. O sucesso foi tanto que, depois disso, Ana Paula só foi escalada para papéis em atrações luxuosas da emissora, a exemplo da chorosa Giuliana de Terra nostra ou da Yolanda Penteado da minissérie Um só coração.

Há quem acredite que o investimento tenha uma razão. Segundo Mauro Alencar, autor do livro A Hollywood brasileira – panorama da telenovela no Brasil, as tramas de época têm mais apelo popular. “O passado exerce um fascínio sobre as pessoas por causa do romantismo”, afirma. Ele explica que o auge do gênero se deu na década de 70 e que a grande estrela desse período foi Nívea Maria, protagonista de novelas como A Moreninha (1975) e Maria Maria (1978). “Naquele tempo, o biotipo das estrelas dos folhetins históricos eram as moreninhas, de jeito meigo e baixinhas.” Nívea Maria diverte-se ao falar do passado. “Teve uma hora que eu cansei de tantas donzelas e pedi para fazer uma vilãzinha. Era mais interessante para a emissora me ter como a mocinha, pois o público identificava logo de cara”, conta.

O fantasma de “donzela eterna” parece não assombrar a nova geração. Embora estejam preferencialmente em folhetins históricos, as moças também interpretam papéis contemporâneos. Mariana Ximenes, por exemplo, vive atualmente a patricinha Raíssa em América. Enquanto desfila seus modelitos sofisticados, a personagem disputa com a mãe o amor de um homem mais velho. Atitude que nunca caberia às heroínas Ana Francisca, de Chocolate com pimenta, ou Rosário, de A casa das sete mulheres – ambas exemplos do mais puro recato. Bom para elas, pois, segundo Priscila Fantin, atuar em muita trama de época faz a cabeça ficar no passado. “Tem momentos em que eu uso umas expressões ultrapassadas, como pata-choca e maria-mijona”, diz. Tal qual uma donzela das antigas.