O Brasil tem uma dívida de gratidão com o deputado Edmar Moreira, aquele do castelinho de R$ 25 milhões no interior de Minas Gerais. Homens como ele, que são capazes de erguer um Taj Mahal no meio do nada, dão cor, brilho e transparência à nossa corrupção. Assim como vários países têm monumentos à memória dos soldados desconhecidos, heróis anônimos que morreram em combate, o Brasil deveria cultuar seus corruptos que não têm medo de exibir sinais exteriores de riqueza. Graças a esse despudor, podemos identificá-los, puni-los e até rir do seu mau gosto.

Consta que o deputado Edmar, assim como o imperador indiano Shah Jahan, que homenageou a amante Aryumand com o Taj Mahal, também ergueu o seu palacete por amor. Sua esposa, Júlia, teria ficado enciumada com a fazenda do cunhado e pediu ao marido um castelo. Mas a fortaleza construída em Minas foi bem mais do que a concessão de um homem zeloso aos caprichos de uma mulher manhosa. O castelo de 7,5 mil metros quadrados e 32 suítes, impossível de ser escondido, só pode ser fruto de alguma síndrome patológica ou de um daqueles mecanismos psíquicos de autossabotagem. Algo que a pessoa faz, de forma inconsciente ou não, para cavar sua própria ruína.

Edmar Moreira não foi o primeiro, nem será o último a morrer pela vaidade. Quem não se lembra de PC Farias, cruzando os ares com o seu jatinho Morcego Negro? Ou do juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, posando sorridente ao lado de uma Ferrari vermelha e diante de um luxuoso apartamento em Miami, cheio de maçanetas douradas? Chatos mesmo são os larápios que passam a vida escondendo seu patrimônio em contas numeradas na Suíça e que cultivam o péssimo hábito da frugalidade. Corruptos que torram suas fortunas e gostam de desfrutar a boa vida como Donald Trump, fumando charutos em iates, ao menos devolvem à sociedade parte do que tiraram. Em períodos de crise econômica, podem até ser definidos como homens anticíclicos, que ajudam a girar a roda da economia. Afinal, quantos pedreiros não terão sido necessários para levantar as oito torres do castelinho de Edmar?

Mas o mais divertido é assistir à queda inevitável de todos eles, com as desculpas esfarrapadas de sempre. Edmar Moreira, no fundo, prestou um grande serviço ao País. Com seu monumento à breguice, ele deixou uma lição: se quiser roubar, ao menos gaste. E não esconda nada.

"O Brasil tem uma dívida com seus corruptos que erguem castelos. Só assim eles são pegos"

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