Na quinta-feira 6, o deputado João Lyra procurou ISTOÉ para dar sua versão sobre as acusações feitas pelo ex-soldado da PM Garibalde Amorim. Lyra foi acusado de ser o mandante do assassinato do fiscal da Receita Sílvio Viana, em 1996, como mostra o processo do juiz alagoano Marcelo Tadeu. A seguir, os principais trechos da entrevista. Na ocasião do encontro, o usineiro mostrou alguns documentos em favor de sua defesa. Trata-se de um pedido de arquivamento do processo na Procuradoria Geral da República. O documento ainda não foi apreciado pelo Ministério Público Federal.

ISTOÉ – O sr. mandou matar o fiscal
da Receita Sílvio Viana?
João Lyra –
Tudo isso não passa de uma armação, uma calúnia requentada que eu já conheço. Ele foi preparado.

ISTOÉ – O ex-PM Garibalde Amorim e parentes de Fernando Fidélis (acusados pelo crime) dizem que o sr. deu R$ 48 mil a eles para que mudassem os depoimentos.
Lyra –
Isso não tem fundamento. É tudo criado por verdadeiros bandidos. Não dei dinheiro a ninguém. Eu já sei que esses assuntos vêm à tona em eleição.

ISTOÉ – Garibalde disse que o acordo para o pagamento foi feito pelo
advogado Iran Nunes e pelo vereador Cristiano Matheus.
Lyra –
Isso é uma invenção. Agora, é chocante essa calúnia. Magoa.

ISTOÉ – O sr. mandou matar o sargento da PM que teria sido amante
da sua ex-mulher?
Lyra –
Isso é um negócio que tem mais de 15 anos. Está liquidado. A Justiça
fez inquérito. É uma coisa que me recuso até a falar. Envolveu ordem pessoal
de outras pessoas.

ISTOÉ – Mas o juiz de Execuções Penais, Marcelo Tadeu, aponta o sr.
como mandante na denúncia-crime que apresentou ao STF.
Lyra –
Talvez o Marcelo Tadeu não tenha se aprofundado, porque ele nunca
me consultou em nada. Eu hoje estou convicto de que Marcelo Tadeu não
conhece esse processo. Estou pronto para qualquer inquérito.

ISTOÉ – Mas o juiz o acusa de ter mandado matar o Viana porque ele
tentava cancelar o acordo para perdoar uma grande dívida dos usineiros.
Lyra –
Dívida dos usineiros é o conjunto todo. O Viana não tinha a menor interferência. Esse problema de débito de usineiro é assunto tratado com o governador, como foi com os governadores passados, como foi com Ronaldo
Lessa (PDT). Para falar a verdade, eu não conhecia esse rapaz. Esse fiscal
nunca me incomodou.

ISTOÉ – O sr. se sente perseguido?
Lyra –
As pessoas vivem focadas em mim. Aqui, a prefeitura tinha dono há muitos anos. Eu disse: “Vou desbancar.” Peguei um taxista, um rapaz pobre, e coloquei como prefeito. Aí vem o troco… Estou com 20 pontos na frente do opositor (Teotônio Vilella Filho – PSDB). Esse povo vive fixado em qualquer coisa em torno de João Lyra.

ISTOÉ – Viana o incomodava?
Lyra –
Eu não sabia nem quem era esse fiscal Viana. Nunca conheci, nunca
ouvi nem falar. Esse fiscal nunca incomodou. Vim saber desse fiscal depois
da morte dele.

ISTOÉ – O sr., então, tem a consciência limpa?
Lyra –
Claro, limpíssima. Durmo tranqüilo.