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Os funcionários públicos gregos cruzaram os braços hoje, no primeiro dos dois dias de paralisação previstos em protesto contra as medidas de austeridade do governo. Para amanhã, está marcada uma greve geral que deve paralisar o país.

Em um protesto simbólico, um pequeno grupo de manifestantes comunistas forçou sua entrada na Acrópole, em Atenas. Os manifestantes levavam uma grande faixa com os dizeres "Povos da Europa, rebelem-se."

A greve começa enquanto o governo luta para implementar um duro programa de austeridade e reformas de três anos, em troca de um pacote de ajuda de 110 bilhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). "As medidas do governo, da UE e do FMI revertem nossos ganhos históricos, abolem nossos direitos e levam a sociedade de volta para os anos 1960", afirmou o sindicato dos funcionários públicos gregos, Adedy, em comunicado.

"A participação na greve é muito alta, nós estamos satisfeitos com o comparecimento e vamos continuar amanhã", afirmou um porta-voz do Adedy, Andreas Petropoulos. "Nós queremos que o governo recue de todas – e quero dizer todas – as medidas de austeridade", afirmou o porta-voz, acrescentando que a ação dos trabalhadores prosseguirá. A intenção do governo é cortar os salários dos servidores públicos, as pensões, congelar salários no setor público e privado e liberalizar as leis trabalhistas gregas.

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Apesar das declarações do representante do sindicato, uma manifestação no centro da capital atraiu apenas cerca de mil pessoas, a maioria jovens e professores com faixas exigindo que o FMI e a UE saiam da Grécia. A greve afeta os serviços do governo pelo país, fechando ministérios e escritórios públicos. Hospitais públicos estão em esquema de emergência e os funcionários que trabalham em ambulâncias também estão parados.

A greve afeta ainda as operações do Aeroporto Internacional de Atenas, o que provocou o cancelamento de dezenas de voos domésticos. Os professores também pararam hoje. Já os funcionários de administrações locais continuaram sua paralisação pelo segundo dia. Amanhã, eles devem iniciar o terceiro dia de greve. No setor privado, a maioria dos trabalhadores está em atividade. O transporte público em Atenas também opera normalmente.

Pressão

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A Alemanha pressiona a Grécia para que realize reformas radicais, vistas como condições para os empréstimos da UE e do FMI. Caso a Grécia não consiga fazer os cortes no orçamento, isso poderia resultar em insolvência, disse o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, em entrevista publicada hoje pelo Rheinische Post. Ele pediu para o país aderir com firmeza ao plano de austeridade. "Caso haja quaisquer violações, os pagamentos serão congelados. Então Atenas estaria à beira da insolvência de novo", disse o ministro.
Ontem, o governo grego enviou um projeto de lei ao Parlamento para aumentar os impostos sobre vendas e sobre produtos como cigarros e bebidas. A administração deve enviar mais leis com medidas de austeridade ao Legislativo hoje.

O ministro do Trabalho, Andreas Loverdos, confirmou que o governo vai facilitar as demissões – uma das condições previstas pelos negociadores da UE e do FMI. Pelas regras propostas, companhias com mais de 200 trabalhadores poderão despedir 4% de sua força de trabalho em qualquer mês. Hoje, essa permissão vale para 2% da força de trabalho.

Loverdos também deu a entender que pode haver mudanças nos salários, no salário mínimo e no seguro-desemprego. O ministro, porém, deu poucos detalhes. A idade da aposentadoria, por sua vez, será mantida em 65 anos, apesar da pressão da UE e do FMI para que houvesse um aumento. As informações são da Dow Jones.