De volta ao Brasil, os paulistas Vítor Negrete e Rodrigo Raineri comemoraram a conquista do Everest e lançaram, na segunda-feira 13, sua próxima empreitada, prevista para o início de 2006. Novamente com o apoio da Try On, grife de roupas e acessórios esportivos, a dupla pretende liderar uma caravana pela Patagônia e escalar o monte Fitz Roy, um paredão de granito com 3.375 metros. Negrete contou a ISTOÉ detalhes da escalada, completada no dia 2 de junho, e do encontro com os brasileiros Irivan Burda e Waldemar Niclevicz no topo do mundo.

ISTOÉ – Quanto tempo você ficou no cume da montanha?
Vítor Negrete
– Meia hora. Ao me aproximar do topo, por volta das 11 horas, notei duas pessoas que faziam fotos com a bandeira do Brasil. Eram o Waldemar e o Irivan, que escalaram pela face sul. Eles brincaram: “Chegamos antes!”. Pedi para que fizessem uma foto minha. Eu estava só com a filmadora. A câmera fotográfica ficou com o Rodrigo, que interrompeu a escalada a 50 metros do cume. O Waldemar começou a descer. O Irivan fez uma foto e sentou para conversar. Vi que o oxigênio dele estava baixo e sugeri trocarmos os cilindros.

ISTOÉ – Você tinha mais de um?
Negrete
– Levamos para o ataque final três cilindros de quatro litros cada um.
O primeiro termina na subida e muita gente deixa um deles em algum ponto
da montanha para diminuir o peso, pegando-o na volta. Foi o que fizeram
Waldemar e Irivan. Mas este ano, um alpinista morreu por não achar o cilindro.
Eu tinha um cheio, com 21 bar (unidade de medida de pressão), e outro com 10.
O Irivan tinha só um, com 4 bar.

ISTOÉ – Quanto durou a descida?
Negrete
– Chegamos ao local onde havíamos deixado nossa barraca, um
pouco abaixo do acampamento 3, a 8.100 metros, por volta das seis da tarde.
Mas ela não estava lá. Nosso carregador a levou embora. Ficamos no escuro, sem água, barraca e saco de dormir. Continuamos a descer e pedimos por telefone (via satélite) para o Totó (Guilherme Setani, apoio da expedição) arrumar uma barraca no acampamento 2 (7.500 metros). Foi a pior parte. Caíamos o tempo todo. Só descansamos à uma da manhã.

ISTOÉ – Vocês tentarão novamente subir sem oxigênio?
Negrete
– Sem dúvida. Essa vez serviu como experiência. Mas antes faremos
a Try On Expedition III, uma caravana pela Patagônia. Queremos ir com jornalistas
e pesquisadores. Subiremos o Fitz Roy, que fica numa região que tem um dos
piores climas do planeta.