No mundo da gestão empresarial e da tecnologia de informação nunca faltam inovações para aperfeiçoar o processo de produção. A coqueluche do momento é um ambiente virtual que promete revolucionar a maneira como se relacionam os diferentes agentes da cadeia produtiva dos chamados clusters – regiões que concentram diversas empresas dedicadas a uma mesma atividade industrial. Trata-se de uma rede online, a partir da internet, que interliga fornecedores e empresas com interesses comuns. Dividida em comunidades de interesses – produção, comércio exterior e recursos humanos entre outras –, essa rede permite a troca livre de informações entre as companhias. Ao mesmo tempo, ela facilita e incentiva novos relacionamentos entre fornecedores de serviços (bancários, tecnológicos, de design), empresas interessadas e centros de pesquisa. O portal do pólo calçadista de Birigüi é o exemplo bem-acabado das possibilidades desse projeto de inclusão da classe empresarial da cidade na era da informação. “O projeto não é a rede, mas o processo. A rede é a ferramenta e funciona como um formigueiro, no qual a inteligência coletiva supera a individual”, diz Rodrigo Mesquita, da Radium Systems, empresa que implementou a rede.

A iniciativa do Sinbi, o sindicato das indústrias do calçado e vestuário da região, contou com apoio institucional da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo e do Centro das Indústria do Estado de São Paulo. O custo anual da rede de cerca de R$ 700 mil é bancado pelos fornecedores que querem vender produtos e serviços para as empresas calçadistas. No caso de Birigüi, cujo cluster engloba 164 empresas que produzem 60 milhões de pares de calçados (90% infantis) e faturam R$ 1,2 bilhão por ano, são mais de 50 fornecedores, o que dilui o custo da rede. A utilização de software livre, que tem código aberto, ajudou a tornar economicamente viável a implementação da rede. Bradesco, Instituto Europeo di Design e Intel são alguns dos parceiros presentes na empreitada de Birigüi.

Os benefícios econômicos do site não têm nada de virtual. Através da comunicação em rede, o Sinbi obtém um diagnóstico mais preciso das necessidades das empresas, além de uma redução efetiva nos custos de produção. “Através do site, percebemos a necessidade de qualificação profissional. Daí surgiu o curso de MBA em gestão calçadista”, diz Samir Nakad, presidente do Sinbi. E não é só. Com a demanda conjunta proporcionada pela comunidade virtual, os insumos custam menos. Cestas básicas que antes custavam R$ 38, agora saem por R$ 26. Depois de Birigüi, a idéia é expandir o modelo para outras regiões do Estado e para outros setores da economia, como cerâmica, têxtil, tecnologia espacial, alimentos e móveis