O franchising nacional atingiu a maturidade e, pelo visto, vive
um de seus melhores momentos.
Não é de hoje que empresas e
mais empresas vêm apostando
nesse setor econômico como
forma de expansão em tempos de economia retraída e juros nas alturas. Esse modelo de negócio – que começou no Brasil em 1960, com a escola de idiomas Yázigi, e, na década seguinte, com a instalação da primeira loja McDonald’s no País – também se transformou em uma espécie de “plano B” de investidores profissionais e de trabalhadores que trocaram o emprego pelo sonho do negócio próprio. Com taxas de crescimento acima da economia nacional, o mercado de franquias cresce em média 9% ao ano e movimentou R$ 31,6 bilhões em 2004. A performance foi obtida através de 814 redes/marcas, responsáveis por 59 mil unidades de franquias operando em todo o território nacional. O sistema de franchising representa na economia brasileira 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB). O setor é responsável também por 530 mil empregos diretos e pela geração de 30 mil novos postos de trabalho por ano. “Além de empregar, somos um dos setores da economia que mais investem em treinamento de mão-de-obra”, diz Artur Grynbaum, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

O País está entre os seis melhores mercados de franchising no mundo e, ao contrário do que se imagina, 90% das redes que operam no Brasil são genuinamente nacionais. Há duas semanas, a 14ª edição da ABF Expo – maior feira de franquias da América Latina – reuniu, em São Paulo, cerca de 170 empresas de todos os setores da economia em busca de novos franqueados. Em quatro dias, o evento atraiu mais de 27 mil pessoas e fechou mais de R$ 20 milhões em negócios. “O sistema de franquia brasileiro é uma realidade incontestável e crescente, inclusive para expansão das micro, pequenas e médias empresas”, analisa Grynbaum. Os segmentos que mais vendem são os de acessórios pessoais, calçados, informática, eletrônicos e alimentação. A mortalidade no setor de franquias é de 3% ao ano. Ou seja, de cada 100, apenas três não sobrevivem. Número ínfimo se comparado com a média de outras iniciativas em que o índice de fracasso beira 60%.

O fracasso, no entanto, passou longe do engenheiro agrônomo Delfino Golfeto, 53 anos. Há 15 anos, ele criou a Água Doce Cachaçaria na garagem de sua casa na cidade de Tupã, no interior de São Paulo. Para atrair a clientela, preparava batidas e permitia que as cachaças fossem degustadas. “A notícia correu, e em três semanas a cidade toda queria visitar a ‘aguardenteria’”, lembra o fundador, que de lá para cá já abriu 84 casas em 11 Estados, inclusive São Paulo. Golfeto quer abrir mais duas ou três casas por ano e chegar no máximo a 100 franquias sob sua supervisão. O faturamento de cada casa oscila entre R$ 30 mil e R$ 300 mil e o retorno do capital investido é de 36 meses. Por sua vez, a tradicional rede de pizzaria paulista Babbo Giovanni está estreando no setor de franquias e já conta com duas unidades. Quer vender mais dez até dezembro. “O negócio é promissor porque o brasileiro adora pizza”, avalia Pedro Couto, diretor da empresa. A Nôa-Nôa, líder em venda de calçados infanto-juvenis, é dona de 13 lojas próprias e sua meta é abrir 15 franquias até o fim do ano. “Já temos seis franqueados em vista e o nosso público é A e B”, ressalta Tony Garcia, diretor da marca. A Scala Sem Costura já tem 18 franquias e fome de outras mais. “Nossos produtos são extremamente rentáveis e pretendemos fechar o ano com 30”, diz o gerente Luiz Hirsch. Até a Livraria Siciliano, que tem a maior rede de lojas próprias do País (55), entrou na dança das franquias no ano passado e já vendeu cinco. “Gostamos da experiência”, enfatiza Svetlana Vidal, gerente da casa, que quer fechar o ano com 15 novos pontos-de-venda. Com mais de 100 lojas espalhadas na Europa, a lavanderia francesa Top Net estréia no País disposta a abrir mais 100 lojas nos próximos três anos. “Queremos ocupar novos nichos de mercado, atingindo pessoas da classe C”, diz Nelcinho Nascimento, franqueador da marca.