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CAROS
O Green Point, o Mandela Bay (abaixo) e o Mabhida
(última foto) estouraram o orçamento

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Sabe-se que tão monumental quanto um evento da envergadura de uma Copa do Mundo é o seu orçamento. A construção de estádios demanda uma montanha de dinheiro. Mesmo assim, a previsão de que o Brasil irá gastar cerca de R$ 5,3 bilhões para realizar o torneio mundial de 2014 deixou muita gente surpresa. E agora há mais um motivo para isso: para organizar a Copa de 2010, os sulafricanos partiram de um cálculo orçamentário de R$ 2,1 bilhões e chegam à reta final desembolsando quase o dobro, cerca de R$ 4,1 bilhões. Ou seja, mesmo com um sobrepreço absurdo, a conta africana ainda é mais barata que a previsão inicial da brasileira. Como aqui estourar o orçamento é uma triste tradição, o temor é de que o custo total seja estratosférico – e, em grande parte, financiado pelos cofres públicos. “A falta de orçamentos detalhados e de discussões públicas com técnicos pode fazer com que o processo da Copa 2014 não seja eticamente correto”, adverte Marcos Túlio de Melo, presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), entidade que está lançando um movimento anticorrupção na área de atuação de engenheiros e arquitetos.

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Existem algumas explicações para a diferença de valores entre os dois eventos. Para começar, na África do Sul foram construídos ou reformados oito estádios, enquanto no Brasil serão 12. Além disso, aqui há custos maiores, como o de mão de obra. Enquanto um operário sul-africano ganha salário de R$ 450 (com horas extras), o ordenado médio dos trabalhadores brasileiros em um dos estádios da Copa 2014 será de R$ 2.730. “Aqui o orçamento inclui obras de infraestrutura e lá não”, defende Vicente Castro Mello, arquiteto que desenvolveu o projeto do Estádio Nacional de Brasília e diretor do Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia.

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Entre os pontos favoráveis aos construtores nacionais está o preço  mais em conta de matérias-primas como aço e concreto, abundantes no nosso mercado. O orçamento brasileiro surpreendeu consultorias como a Crowe Horwath RCS, que emitiu parecer considerando o valor muito alto. O “custo médio por assento” (total de cada estádio dividido pelo número de lugares) da Copa 2014 é de R$ 7.514, mais caro que o gasto na Alemanha (R$ 5.632). O mais alto “custo médio por assento” é do Vivaldão, do Amazonas – R$ 12.716. Segundo a consultoria, assim dificilmente os investimentos serão recuperados. “Quem financia esse gasto é o governo”, diz o presidente do Confea. “E quem paga a conta deve fiscalizar a execução dos projetos.” O recado está dado.

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