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SIMPATIA
Ex-governador paulista distribui
sorrisos na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP)

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A campanha ao Planalto começou para valer há menos de um mês, mas o tucano José Serra já deu início ao festival de promessas eleitorais. Pré-candidato do PSDB à Presidência da República, ele surpreendeu até os assessores mais próximos quando anunciou de forma categórica que pretende criar dois ministérios. Em visita a uma feira de equipamentos médicos para pessoas com necessidades especiais, prometeu o Ministério do Deficiente Físico. Dias depois, no programa “Brasil Urgente”, da Rede Bandeirantes, dedicado a casos policiais, prometeu o Ministério da Segurança. Confrontado mais tarde com sua anunciada intenção de reduzir o tamanho do Estado, Serra se comprometeu a cortar no mínimo cinco vagas no primeiro escalão. As secretarias especiais, cujos titulares têm status de ministro, como a dos Portos e a de Assuntos Estratégicos, estariam no alvo do candidato tucano. “São assuntos importantes, como a questão dos portos, mas não merecem um ministério, não faz sentido”, disse o ex-governador.

Apesar do tom incisivo, não ficou claro ainda se as promessas de Serra fazem parte de um programa de governo que já estaria sendo gestado pelos tucanos ou se apenas surgiram no calor da campanha. Após surpreender até seus correligionários mais próximos, o ex-governador paulista detalhou, apenas conceitualmente, sua promessa. Para Serra, é fundamental tirar as ações de Segurança Pública da órbita do Ministério da Justiça, ao qual atualmente é subordinada a Polícia Federal. Ele diz que a União tem que assumir a coordenação de segurança e não pode deixar para os governos estaduais a responsabilidade de combater o contrabando de drogas, de armas e o crime organizado. “O Ministério da Justiça vai voltar a ser como antigamente, com um ministro forte na área jurídica. O ministro da Justiça não vai lidar com polícia”, disse, sem esclarecer como pretende executar seu plano.

“O ministro da Justiça não vai lidar com polícia”
José Serra, ex-governador de São Paulo

O governo Lula pensa diferente. De acordo com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Teles Barreto, sempre que há um problema grave na área de segurança, há uma tendência no meio político de dar uma resposta social defendendo novas leis ou um novo órgão. “A criação de um ministério não resolve o problema. Resolverá se tiver mais recursos. O problema é investimento”, diz o ministro Teles Barreto.

As promessas de Serra não se restringiram à criação de novas pastas. Na educação anunciou a vontade de transformar o que já foi feito até hoje. “Vou fazer uma revolução no Brasil com o ensino profissional”, afirmou Serra. Em infraestrutura, Serra também tascou novas promessas. Disse que nas próximas semanas anunciará “programas de impacto” em um setor considerado estratégico: saneamento básico. “É dever urgente dar a todos os brasileiros saneamento básico, água encanada de boa qualidade, esgoto coletado e tratado”, diz o pré-candidato.

Apesar de tantas promessas de que irá modificar de forma consistente a estrutura que, sendo eleito, receberá do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Serra nem cogita alterar os populares programas sociais do governo federal. “Eu não sou trouxa. Sei governar. A Marta (Suplicy) fez o bilhete único. Eu cheguei e o estendi para o metrô”, diz o tucano. Ao que parece, até outubro o eleitor terá uma extensa lista de desejos tucanos para eventualmente cobrar após as eleições.