O inferno na Terra existe. É assim que desde o século XIX foi apelidada a parte da Biblioteca Nacional da França, em Paris, onde ficam as obras que ganharam a fama de “cheirar a enxofre”. São livros de conteúdo fortemente erótico ou mesmo pornográfico, fotos, gravuras e desenhos obscenos que permaneceram longe do público. Agora, até março de 2008, esse acervo trancado a sete chaves vai poder ser visto livremente na exposição O inferno da biblioteca – Eros em segredo (na própria Biblioteca Nacional). Numa época em que o sexo é mostrado sem censura na internet, a exposição revela como esses temas eróticos já foram utilizados até politicamente. No período pré-Revolução Francesa, por exemplo, a nobreza era alvo de sátiras como no livro Os furores uterinos de Maria Antonieta, mulher de Luís XVI, que a mostra em picantes cenas de alcova. As ilustrações licenciosas do século XVIII estão entre as 350 raridades da mostra, que traz ainda gravuras japonesas antigas, 11 edições do Kama Sutra (manual erótico indiano) e fotografias pornográficas do início do século XIX. Não faltam edições clandestinas de autores, hoje famosos, como Marquês de Sade, Jean Genet, Charles Baudelaire e Georges Bataille – alguns deles altamente pornográficos, mas editados atualmente em papel… bíblia.