Embora peronista, a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, não gosta de ser associada à imagem de Eva Perón, a mítica primeira- dama dos anos 40 e 50. As circunstâncias históricas eram diferentes, despista Cristina. Talvez não seja apenas isso. Mulher do presidente Juan Domingo Perón, Evita era o símbolo das massas excluídas mas também era uma mulher fascinada pelo mundo fashion. Convidada em 1946 a uma turnê de três meses pela França, Espanha, Itália e Suíça, a “dama dos descamisados” voltou a Buenos Aires com um guarda-roupa repleto de roupas de grife. Em 1950, a revista Life mostrou seus inúmeros armários com sapatos, peles e vestidos de estilistas famosos. Evita também fazia o papel típico de esposa submissa: “Obrigada por existir”, disse ela uma vez a Perón. Tais frivolidades certamente incomodam uma mulher como Cristina, ex-militante de extrema-esquerda cuja carreira política se fez independentemente do marido, Néstor. Talvez por isso, em seu début na diplomacia, no Uruguai, a presidente tenha se definido como “representante das mulheres” de todos os países do Mercosul. Mas o que causou furor mesmo foi o “momento Marilyn Monroe” de Cristina, quando o vento levantou seu vestido, como na cena do filme O pecado mora ao lado, de Billy Wilder. Ela deve ter odiado.